São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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Cientista recebeu terapia criada por ele próprio

DO EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Ralph Steinman, o ganhador do Nobel que morreu na última sexta e mesmo assim está recebendo postumamente o prêmio, chegou a usar em si mesmo uma terapia possibilitada por sua descobertas para tentar enfrentar o câncer de pâncreas que tinha.
É o que informou em comunicado a Universidade Rockefeller, onde o pesquisador trabalhou até a sua morte. Fazia quatro anos que ele tinha recebido o diagnóstico.
O Rockefeller não deu mais detalhes sobre a técnica, mas uma das abordagens testadas contra o câncer envolve justamente um "treinamento" das células dendríticas, descobertas pelo canadense.
Essas células são misturadas a proteínas produzidas especificamente por tumores, de forma a "aprender" que o câncer é um inimigo do organismo. Depois, orientam o corpo a contra-atacar.
Para o médico José Alexandre Barbuto, pesquisador da USP que trabalha com células dendríticas e câncer, esse aspecto do trabalho de Steinman ainda deve trazer muitas descobertas.
"Não é exagero dizer que ele revolucionou a maneira de ver o sistema imune. As células dendríticas são cruciais justamente por servir como interface entre a imunidade inata e a adaptativa", diz ele, que conheceu Steinman pessoalmente em congressos.
Segundo Barbuto, a capacidade das células dendríticas de "educar" o sistema imune também pode funcionar do modo oposto, não só atacando o câncer, mas também fazendo o corpo poupar células sadias nas doenças autoimunes, como esclerose múltipla e diabetes tipo 1.
O cientista da USP destaca, além da importância científica, a gentileza de Steinman. "Ele brincava conosco, dizendo que os brasileiros estavam cada vez mais em peso nos congressos." (RJL)


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