São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011
![]() |
![]() |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Observatório no Nordeste vigia trajetória de asteroides Objetivo do telescópio é acompanhar objetos que possam colidir com a Terra Operação começou em março deste ano; equipamento pode ser controlado via internet do Rio de Janeiro SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um observatório astronômico construído no sertão nordestino para rastrear asteroides que ameaçam a Terra entrou em operação e já acompanha seus primeiros objetos, afirmam os coordenadores do projeto. "Na semana passada, conseguimos, pela primeira vez, controlar o telescópio via internet, do Rio", disse Daniela Lazzaro, líder científica do esforço e astrônoma do Observatório Nacional. Ela falou durante a 36ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em Águas de Lindoia (SP). O projeto Impacton (sigla "esperta" para Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional) foi proposto em 2002. Mas só em março deste ano o telescópio, em Itacuruba (interior de Pernambuco), fez sua primeira observação. POR QUE A DEMORA? "É a pergunta que todos fazem", afirma Teresinha Rodrigues, pesquisadora que coordenou a montagem do Oasi (Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica). Os cientistas alegam que a rigidez das regras para o gasto das verbas atrapalha. "Para construir um muro que seja, no meio do nada, é difícil conseguir uma empresa disposta a fazer, que dirá entrar numa licitação." Para montar o telescópio de um metro, o grupo brasileiro levou o mesmo tempo que uma organização internacional planeja para erguer um de 40 m. NÃO PERDER DE VISTA Agora que o telescópio pode ser controlado pela internet, não será preciso enviar equipes do Rio em expedições de observação. A quantidade de dados coletados deve aumentar. O objetivo do Impacton é acompanhar bólidos recém-descobertos por outros grupos. "Cerca de 70% dos novos asteroides são imediatamente perdidos", diz Lazzaro. "É feita uma estimativa da órbita, conclui-se que o asteroide não vai colidir com a Terra e ele é abandonado. Mas essa órbita determinada às pressas é imprecisa." A meta da equipe é criar uma base de dados robusta sobre NEOs (Objetos Próximos à Terra, em inglês). O grupo ainda está calibrando os instrumentos, mas já tem histórias para contar. "Em 11 de abril, um astrônomo amador da Inglaterra encontrou um objeto. Ele chegou a estar a 525 mil km de nós", conta Lazzaro. "O bichinho andava numa velocidade muito grande, foi um ótimo teste para nós." Mais de 500 imagens do objeto foram obtidas, e a análise está em andamento. "O perigo apresentado por um asteroide não pode ser resumido pelo tamanho e se está ou não em rota de colisão", explica Lazzaro. "Sua composição e o fato de ser poroso ou não podem influenciar no estrago que ele pode causar." Próximo Texto: Arqueologia: Austríacos acham ruínas de "escola" para gladiadores Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |