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Brasil e Ucrânia lançarão satélite japonês "de graça"
Missão testa tecnologia para telescópio espacial
DA REPORTAGEM LOCAL
O lançamento do foguete
Cyclone-4 que vai inaugurar a
empresa binacional espacial do
Brasil e da Ucrânia vai levar
praticamente de graça ao espaço um satélite japonês experimental, o Nano-Jasmine. A
missão, que deve partir desde o
Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, está
marcada para 2010.
Como o primeiro lançamento do modelo ucraniano será
apenas de qualificação (prova
de viabilidade), a empresa Alcântara-Cyclone não pode ainda vender o serviço. A viagem,
porém, está aberta para países
que quiserem arriscar uma carona, porque o foguete é capaz
de carregar mais de um satélite.
"Esse primeiro lançamento
não pode ser comercial, mas
podemos lançar, obviamente,
cargas e satélites", diz o ex-ministro da Ciência e Tecnologia
Roberto Amaral, diretor-geral
da Alcântara-Cyclone. "Nós
abrimos uma oportunidade para a Agência Espacial Brasileira
-se ela quiser ela poderá indicar satélites- e já fomos procurados pela Universidade de Tóquio. A importância disso é que
as obras aqui ainda nem começaram, e uma universidade já
está apostando no sucesso do
nosso lançamento."
Segundo Amaral, os japoneses contribuirão apenas com
uma ajuda de custo. "O custo do
lançamento é nosso", afirma.
"O que eles vão pagar é uma
adaptação que tem que ser feita
na área de carga do foguete."
O Nano-Jasmine, na verdade, é também um satélite de
"qualificação", que testará tecnologias para o Jasmine, um telescópio orbital com visão de
infravermelho que os japoneses querem lançar no futuro.
A carona foi confirmada no
início do mês em reunião que a
diretoria da empresa realizou
em Kiev, na Ucrânia. No encontro foi redigida também uma
solicitação aos governos brasileiro e ucraniano para aumento
no capital inicial de investimento. Com isso, os US$ 105
milhões que deveriam ser injetados na Alcântara-Cyclone até
2010 podem subir para US$
375 milhões. Despesas e lucros
serão todos divididos pela metade entre os dois países.
Segundo Amaral, a proposta
tem apoio do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que também foi a Kiev. A
justificativa para o alto investimento, diz Amaral, é a perspectiva de lucro. A empresa projeta
que o mercado de satélites do
porte que o Cyclone-4 põe no
espaço movimentará cerca de
US$ 13 bilhões nos próximos
dez anos. A Alcântara-Cyclone,
diz, pode abocanhar 30% disso.
O que permitirá à empresa oferecer preços mais competitivos
é que foguetes lançados de perto da linha do Equador entram
em órbita sem gastar muito
combustível.
(RAFAEL GARCIA)
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