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Impacto colossal "alisou" o hemisfério Norte de Marte
Área de planícies que ocupa 40% do planeta é a maior cratera do Sistema Solar
Asteróide ou cometa maior que Plutão teria se chocado com o planeta vermelho há 4 bilhões de anos, afirma estudo de grupos dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
A grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte
é provavelmente a maior cratera conhecida no Sistema Solar.
Três grupos de cientistas anunciam hoje terem descoberto
evidências de que um impacto
com a força de 10 bilhões de
bombas de hidrogênio é o que
torna o hemisfério Norte do
planeta tão diferente do Sul.
A idéia de que uma grande
colisão é responsável pelo fato
de Marte ter duas faces diferentes não é nova. A teoria mais
popular até agora, porém, era a
de que o "alisamento" da região
norte deveria ter origem na
movimentação do manto, abaixo da crosta do planeta.
"Não provamos a hipótese do
impacto gigante, mas acho que
viramos o jogo", disse ontem
Jeffrey Andrews-Hanna, do
MIT (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts). "A maior
parte das evidências agora é em
favor do impacto."
Andrews-Hanna é autor de
um dos três estudos que defendem a teoria da megacratera,
publicados na revista "Nature"
(www.nature.com). Usando
dados das sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Global Surveyor, sua equipe conseguiu traçar o formato da cratera, uma elipse com 10.500 km
de comprimento e 8.500 km de
largura -maior do que Europa,
Ásia e Oceania juntas.
A teoria do impacto não era
aceita, em parte, justamente
porque o contorno da cratera
não era bem determinado, pois
uma zona de atividade vulcânica apagou parte dele. O formato ovalado também era difícil
de explicar, pois a maioria das
crateras conhecidas é circular.
Outro dos estudos da "Nature", porém, mostra que o formato anômalo da cratera é
plausível para alguns tipos de
impacto em ângulo inclinado.
O trabalho, liderado por Margarita Marinova, do Caltech
(Instituto de Tecnologia da Califórnia), usa o computador para simular como deve ter sido a
colisão. Segundo ela, o objeto
que se chocou com Marte tinha
cerca de 2.000 km de diâmetro
-era maior que Plutão.
No terceiro estudo, Francis
Nimo, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, mostra
como o impacto moldou a crosta atual de Marte: no norte ela é
mais fina do que no sul.
Parte da dificuldade em determinar impactos tão grandes
é que eles dificilmente formam
crateras bem definidas. Acredita-se que a Lua tenha surgido
de um pedaço da Terra arrancado num grande impacto, mas
nesse caso a colisão foi forte
demais para deixar uma cratera delineada. Só se sabe isso por
meio de análises de rochas terrestres e lunares.
Quem se mostrou contente
com os resultados novos foi
Steve Squyres, chefe da missão
científica que comanda os jipes-robôs da Nasa em Marte.
Ele é o autor da hipótese da colisão. "Não era uma idéia totalmente louca", disse à agência
de notícias Associated Press.
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