São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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"Comecei a ter visões daquilo que aconteceu", diz paciente

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu era vigilante bancário e passei por alguns assaltos. No último deles, eu fui amarrado, me bateram muito e trocaram tiros. Depois disso tudo fui transferido para trabalho interno, sem arma", conta F.E., 33, uma das pessoas ouvidas pela Folha que foram diagnosticadas com estresse pós-traumático. "Depois disso, comecei a ter visões daquilo que tinha acontecido, olhava para trás como se aquelas pessoas estivessem me perseguindo. Isso trouxe muito transtorno. Já faz quatro anos e eu ainda fico meio perturbado e com um pouco de medo."
Depois de tratamento com terapia e medicação, o ex-vigilante diz que já conseguiu superar a maior parte dos sintomas que o trauma havia deixado. Sem emprego, porém, -a empresa de segurança terceirizada em que trabalhava faliu- F.E. ainda não conseguiu voltar a trabalhar na área em que tinha experiência. "Estou me readaptando, ainda."
Segundo os psiquiatras da Unifesp, porém, muitos casos da síndrome não estão relacionados a agressão direta. Muitas vezes, as ameaças -às vezes não voltadas à pessoa que sofreu o trauma, mas a seus familiares- são suficientes para desencadear o transtorno.
É o que aconteceu com a economista C.T. 39, que teve sua casa roubada por assaltantes em um episódio tenso, com ameaças a seus filhos.
"Eu fiquei muito traumatizada, e a coisa foi crescendo. Oito meses depois do episódio, eu tive uma crise de labirintite, que eu não sabia como era, e achei que estava morrendo", conta. "Eu cheguei ao ponto de, num dia em que eu estava nos EUA, numa cidadezinha pacata, com meu marido, ficar morrendo de medo de ser assaltada."
C.T. afirma que essa ocasião despertou a consciência racional de que algo errado estava acontecendo. Há sete meses, ela se submete a sessões de terapia -com medicamentos- e diz ter melhorado. (RG)


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