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"Comecei a ter visões daquilo que aconteceu", diz paciente
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu era vigilante bancário e
passei por alguns assaltos. No
último deles, eu fui amarrado,
me bateram muito e trocaram
tiros. Depois disso tudo fui
transferido para trabalho interno, sem arma", conta F.E., 33,
uma das pessoas ouvidas pela
Folha que foram diagnosticadas com estresse pós-traumático. "Depois disso, comecei a ter
visões daquilo que tinha acontecido, olhava para trás como se
aquelas pessoas estivessem me
perseguindo. Isso trouxe muito
transtorno. Já faz quatro anos e
eu ainda fico meio perturbado e
com um pouco de medo."
Depois de tratamento com
terapia e medicação, o ex-vigilante diz que já conseguiu superar a maior parte dos sintomas
que o trauma havia deixado.
Sem emprego, porém, -a empresa de segurança terceirizada
em que trabalhava faliu- F.E.
ainda não conseguiu voltar a
trabalhar na área em que tinha
experiência. "Estou me readaptando, ainda."
Segundo os psiquiatras da
Unifesp, porém, muitos casos
da síndrome não estão relacionados a agressão direta. Muitas
vezes, as ameaças -às vezes
não voltadas à pessoa que sofreu o trauma, mas a seus familiares- são suficientes para desencadear o transtorno.
É o que aconteceu com a economista C.T. 39, que teve sua
casa roubada por assaltantes
em um episódio tenso, com
ameaças a seus filhos.
"Eu fiquei muito traumatizada, e a coisa foi crescendo. Oito
meses depois do episódio, eu tive uma crise de labirintite, que
eu não sabia como era, e achei
que estava morrendo", conta.
"Eu cheguei ao ponto de, num
dia em que eu estava nos EUA,
numa cidadezinha pacata, com
meu marido, ficar morrendo de
medo de ser assaltada."
C.T. afirma que essa ocasião
despertou a consciência racional de que algo errado estava
acontecendo. Há sete meses,
ela se submete a sessões de terapia -com medicamentos- e
diz ter melhorado.
(RG)
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