Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ciência + Saúde

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Brasileiro usa satélite da Nasa para encontrar gêmeas do Sol

Astrônomo busca astros idênticos à nossa estrela-mãe fora do Sistema Solar

Cientistas trouxeram à ativa o satélite Kepler, que havia pifado em 2013 e agora está em uma nova missão

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um pesquisador brasileiro está usando o satélite Kepler, da Nasa, para buscar estrelas gêmeas do Sol, numa tentativa de compreender como nascem sistemas planetários como o nosso.

"Meu trabalho é encontrar primeiro as estrelas certas --as gêmeas, no caso--, para depois procurar por planetas", disse José Dias do Nascimento, astrônomo da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e do CfA (Centro Harvard-Smithsoniano para Astrofísica), nos EUA.

O Kepler, responsável pela descoberta de quase mil planetas fora do Sistema Solar entre 2009 e 2013, pifou em maio de 2013, o que levou ao fim de sua missão original.

Mas os cientistas da agência espacial americana bolaram uma estratégia para trazê-lo de volta à ativa.

Originalmente, ele precisava de pelo menos três giroscópios (dos quatro que tinha) para manter seu apontamento preciso no espaço.

Um dos giroscópios pifou em 2012, e um segundo no ano seguinte, inviabilizando as operações. Os cientistas da Nasa então sugeriram que seria possível usar a própria radiação solar como um giroscópio, estabilizando o telescópio em um dos três eixos.

Um teste foi realizado no começo do ano demonstrando a técnica e a agência espacial constatou que poderia prosseguir usando a espaçonave, contanto que abandonasse a direção original para o qual estava apontado e fosse mudando seu alvo a cada 75 dias, conforme o satélite segue em sua órbita em torno do Sol. A essa nova missão deram o nome de K2.

EM BUSCA DAS GÊMEAS

Por conta dessa mudança constante de apontamento, o Kepler passará pelo aglomerado de estrelas conhecido como M67, na constelação de Câncer. Trata-se de uma região que contém mais de cem estrelas similares ao Sol.

Nascimento espera encontrar ali algumas gêmeas solares, ou seja, astros que tenham composição e temperatura praticamente idênticas às da nossa estrela-mãe.

Com a perda de dois giroscópios, o Kepler terá muita dificuldade em detectar planetas do tamanho da Terra em estrelas de porte semelhante ao do Sol.

O objetivo, então, nesse caso é meramente caracterizar as estrelas. "Uma vez que elas forem descobertas e sua rotação, idade e massa forem desvendadas pelo Kepler, será a hora de fazer espectroscopia de altíssima resolução para procurar traços de planetas do tipo Terra", explica Nascimento. Essa etapa seria feita posteriormente com telescópios em solo.

Um dos objetivos é testar uma hipótese sobre a qual tem trabalhado o astrônomo Jorge Melendez, da USP, que supõe que a ausência de certos elementos químicos na composição de estrelas similares ao Sol seria indicativa de um sistema planetário parecido com o nosso.

Atualmente, Melendez trabalha colhendo dados no Observatório de La Silla, do ESO (Observatório Europeu do Sul), com o objetivo de testar essa hipótese.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página