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Crítica Restaurante Aconchego Carioca aposta em petiscos Bolinhos que fizeram fama no Rio convivem com pratos irregulares e boa carta de cervejas JOSIMAR MELOCRÍTICO DA FOLHA Restaurantes sofisticados tendem a ser parecidos em qualquer lugar, é mais fácil que viajem bem. Já botecos típicos têm mais a cor local: como transferi-los? É um desafio da recém-aberta filial paulista do Aconchego Carioca. Famoso por seus petiscos e bolinhos, mas também conhecido por seus pratos, no Rio de Janeiro ele fica próximo ao centro, distante da elegante zona sul. Já em São Paulo, o Aconchego Carioca "Jardins", no lugar de regiões mais boêmias e fervilhantes, instalou-se na alameda Jaú, ainda que distante do burburinho chique. De fora não se identifica muito o espírito carioca. Dentro, a decoração tenta inspirar informalidade, descontração, que favoreça o afrouxar a gravata e mergulhar no chope e no famoso bolinho de feijoada (feito de feijão-preto e recheado com couve e bacon, servido na companhia de torresmo). A filial tem como sócios a proprietária e chef original, Kátia Barbosa, e o ex-sócio do bar Melograno, Edu Passareli, responsável pela excelente carta de cervejas (extensa, variada, didática). O cardápio, parecido com o do Rio, tem como diferença, de terça a sexta no almoço, um menu executivo com pratos individuais -pois de resto, imperam os irritantes pratos para duas ou mais pessoas. A outra novidade é que Kátia criou, para os paulistanos, um bolinho de virado à paulista (massa de feijão carioca recheada com couve, linguiça, bisteca e ovo). Os bolinhos, como os de feijão, costumam ser um pouco secos. Eu molho com a pimenta da casa (líquida e não muito forte) ou com o vinagrete que acompanha alguns deles. São interessantes, como os bolinhos de abóbora com carne-seca, de grão-de-bico com bacalhau, de mandioca com bobó de camarão. Os petiscos não se restringem aos bolinhos -há casquinho de caranguejo, moquequinha de camarão (com coco fresco e purê de mandioquinha) e um surpreendente jiló criado pelo chef Claude Troisgros -lâminas fritas, com vinagre balsâmico e mel, servidas com queijo de cabra e pimenta-rosa, muito bom. Nos pratos o desempenho é mais irregular. A galinha d'angola (ou caipira) com quiabo tem molho aguado e angu ralo. O baião de dois é equilibrado (feijão-de-corda, arroz, bacon, carne-seca, linguiça, torresmo e queijo coalho). A costelinha de porco com goiabada cremosa é difícil: goiabada com arroz e farinha? Em compensação, no mesmo prato (também sem muita lógica) vem um sensacional pastel de angu com recheio de ervas. O autêntico bobó de camarão vale a pena. E uma bela sobremesa é a almofadinha de tapioca recheada com doce de leite. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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