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Cozinha pop-up
Sucesso nos EUA e na Europa, chega a São Paulo a onda dos jantares que acontecem ao longo de poucos dias ou semanas fora dos restaurantes, em locais como lojas e prédios desocupados
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Um dos pioneiros dos jantares pop-up em SP, o chef Raphael Despirite posa para foto na av. Paulista |
"Aqui tem saída para gás?", pergunta o chef Raphael Despirite em sua primeira visita ao local em que vai cozinhar por três noites.
Ao contrário do Marcel, o sofisticado restaurante francês que comanda, o lugar é rústico: uma copa improvisada para funcionários nos fundos do showroom de móveis do Estúdio Bola, no Alto da Lapa, em São Paulo.
A loja -que ocupa um antigo galpão de fábrica- e os sofás, mesas e cadeiras ali expostos serão o cenário no fim de novembro para o Fechado para Jantar, novo projeto do jovem chef de 28 anos.
A cada mês, ele escolhe um novo (e incomum) ponto de São Paulo para sediar seu evento, que sempre tem duração de apenas três noites.
Já aconteceu em um edifício desocupado no centro da cidade e no vão central do Centro da Cultura Judaica, no bairro do Sumaré.
Despirite é um dos pioneiros dos jantares pop-up em São Paulo. Sim, pop-up.
Acostume-se com a expressão. Ainda são poucas as iniciativas em São Paulo, mas a moda tende a se espalhar pela cidade depois do sucesso no exterior. São comuns em metrópoles como Nova York, Los Angeles, Paris e Milão.
O jantar pode ser servido em uma lavanderia, um escritório, um estacionamento. Os pop-ups procuram reconstruir a atmosfera de um restaurante onde ele jamais existiria.
Além de acontecerem em locais inusitados, há outras características que os definem, como o menu pré-estabelecido e a duração limitada -de um só dia a uma temporada de seis meses.
Já aderiram à empreitada chefs de renome como René Redzepi, do Noma, em Copenhague, o melhor do mundo segundo a revista "Restaurant". E David Chang, com casas em Nova York, Toronto e Sidney.
Em primeira mão à Folha, Alice Waters, vice-presidente do Slow Food, revelou planos de lançar um pop-up em Havana, em Cuba.
UM GRANDE VAZIO
Em Londres, os Young Turks, formado por James Lowe e Isaac McHale, ficaram conhecidos por disputados jantares "relâmpago".
Depois de visitar o Brasil neste ano, Lowe aposta: "São Paulo tem potencial para pop-ups. Na cidade, há um grande vazio entre comida de rua e restaurantes caros".
Além do projeto de Despirite, outra iniciativa -do empresário Alex Tessitore e dos chefs Checho Gonzales e Henrique Fogaça- acontece também no Centro da Cultura Judaica até dezembro. Depois, o endereço deve mudar.
Não duvide que até lá, como num estalo, outros projetos pipoquem por aqui.