São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Arte no chocolate

A mais famosa marca francesa de decalques para confeitaria acaba de entrar no Brasil; saiba como é o processo e onde comprar chocolates decorados em São Paulo

Karime Xavier/Folhapress


LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

A francesa PCB, uma das maiores e mais famosas empresas do mundo em decoração de chocolate, acaba de chegar ao Brasil.
Representada pela Art Cake, que vende utensílios e acessórios de confeitaria, ela entra formalmente no país pela primeira vez, atraída por um mercado de chocolate aquecido e impulsionado pela força que o cacau nacional tem ganhado tanto dentro quanto fora do país.
"Estamos notando que as pessoas querem um produto diferente, e essa linha trabalha com cores e desenhos variados", diz Flávia Gomes da Conceição, dona da Art Cake, que viu os pedidos triplicarem desde julho, quando a parceria começou.
Até os anos 2000, a única empresa brasileira que disponibilizava decalques para decorar chocolates, a Stalden, precisava encaminhar todos os pedidos para a Alemanha.
Os fotolitos eram processados e enviados ao Brasil num processo caro e demorado.
Hoje, a empresa, que fica na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, tem máquinas próprias de impressão do acetato e trabalha com uma técnica parecida com a do silkscreen.

DECALQUES
O decalque é um dos recursos usados para decorar chocolate -e ainda causa impacto nos consumidores. São desenhos coloridos que se confundem, vez ou outra, com embalagens, até. Mas são perfeitamente comestíveis.
Para que sejam aplicados ao chocolate, são impressos em uma folha de acetato (uma película finíssima) com corante e manteiga de cacau, ingrediente que compõe o próprio bombom.
Não há nenhuma interferência no sabor, no aroma ou na textura do produto.
Em contato com o chocolate temperado (apelidado assim quando é submetido a uma queda de temperatura para que fique estável e não derreta muito rapidamente), ocorre uma transferência do desenho gravado no acetato para o bombom.
Esse processo pode ser feito de maneira artesanal -um por um ou por meio de uma forma de fundo falso, presa por um ímã, no qual o acetato se fixa.
Há esteiras que permitem que esse processo seja industrializado, sem que haja perda de qualidade no produto -isso, claro, se for mantido o nível de qualidade da matéria-prima utilizada.

FRANCESINHO
Cintia Sanches Lima, da Chocolat des Arts, apoia sua linha de bombons em desenhos variados, extraídos de acetatos brasileiros, franceses e italianos.
"Quando fiz o curso de chocolatier lá fora, meu trabalho de conclusão foi uma linha inspirada em Van Gogh. Mas segundo a escola francesa só 30% da coleção deveria ter aplicação -é importante que o consumidor possa ver o chocolate puro, a cor, o brilho", disse Cintia.
Renata Arassiro, da Esses Chocolates, procura expor em sua vitrine espelhada bombons decorados com diferentes recursos. Aparecem ali manteiga de cacau colorida, spray com corante, pó cintilante e transfers com textura.
"Minha proposta é usar várias técnicas, mas o decalque está crescendo no Brasil, é lindo e prático", diz Renata.

EM 3D
Enquanto o Brasil começa a entrar em contato com os recursos disponíveis no mercado para decorar chocolates, na Inglaterra está em estudo uma máquina que faz chocolate em três dimensões.
Uma equipe de cientistas liderada pelo pesquisador Liang Hao, na Universidade de Exeter, está envolvida no desenvolvimento de uma tecnologia que permite "imprimir" chocolates em 3D.
"É difícil prever o preço da máquina, mas eu espero que ela seja acessível a pequenas lojas de chocolate e varejistas", disse Hoa à Folha.
A ideia é que até "famílias possam alugar essas máquinas", ainda sem previsão de chegar ao mercado, "para eventos ou festas".
Segundo o pesquisador, a máquina pode fazer chocolates em forma de animais, de objetos, de pessoas.
"Estamos desenvolvendo um software que permite que o cliente escolha o que quiser."

Colaborou MARILIA MIRAGAIA



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