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FARO FINO
Acompanhar de perto as obras e checar habilidade do profissional em serviços semelhantes evita contratempos
"Cavar" passado e falhas reduz problemas
DA REDAÇÃO
O segredo para que reparos e
reformas corram bem começa na
escolha da mão-de-obra. O primeiro passo é sempre pedir referências a conhecidos ou revendedoras de materiais de construção.
"É de praxe no mercado que toda loja que conheça profissionais
recomende-os", afirma Luís Fernando Ferrari, 39, presidente da
Associação dos Revendedores de
Tinta do Estado de São Paulo.
Com a indicação em mãos, o segundo passo de quem vai contratar é verificar a experiência e a habilidade dos candidatos para realizar o serviço. Isso porque um pedreiro que assentou bem o piso
do banheiro do vizinho pode não
ser o mais indicado para consertar um vazamento na cozinha.
Quando pensou em reformar
seu apartamento, o gerente de
vendas Mauricio Carbonell, 35,
saiu à caça de uma sugestão. Perguntou aos moradores do prédio
se conheciam pedreiros e escolheu um que havia feito bom trabalho na casa do vizinho de cima.
"Foi o que me deu o orçamento
mais barato", diz Carbonell.
Mas ele conta que teve vários
problemas, como torneiras fora
do lugar, portas que não fechavam direito e rejunte de pastilhas
de vidro que ficou sujo. Também
diz que gastou mais do que deveria com o piso de epóxi porque o
contrapiso não estava nivelado.
"O que mais me incomodou foi
que o prazo inicial, de um mês,
estendeu-se para dois meses
e meio", acrescenta. "Já tinha
visto outro serviço dele, mas era
uma obra mais simples", afirma.
Visão global
Esse é outro ponto em que muitos pecam, segundo especialistas.
Reformas devem contar com profissionais que tenham uma visão
mais global da obra, como arquitetos, engenheiros e empreiteiros.
O ideal é chamar pedreiros, encanadores e eletricistas apenas
para resolver problemas pontuais. "As instalações são as que
mais dão trabalho, porque nem
sempre o profissional tem as ferramentas para testar o sistema e
identificar falhas antes de fazer
o revestimento", avalia a engenheira Mercia Bottura de Barros,
41, professora do departamento
de engenharia de construção civil
da Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo).
Outra dica para buscar mão-de-obra, mas sem referências, é o site
do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção de São Paulo), que
tem um banco de currículos
(www.sintracon.org.br).
Quando a obra já começou, é
preciso instruir muito bem a
mão-de-obra sobre como o serviço deve ser feito.
Olho vivo
Para a administradora Sueli
Aveiro, 30, que reformou o sobrado em que mora, esse é o segredo
para evitar mal-entendidos. "No
começo, sempre encontrava uma
coisa que não estava a meu gosto e
tinha que pedir para o pedreiro
refazer. Passei a visitar a obra diariamente, de manhã e à noite."
Mesmo assim, não conseguiu
evitar contratempos. "Uma noite
cheguei lá e dei de cara com a porta da cozinha fixada no corredor,
com batente e tudo. Meu marido
teve de retirá-la às pressas."
Quanto mais sofisticado for
o trabalho (como fazer textura
na parede, piso de cimento queimado ou instalação de "dry
wall"), mais atenção exigirá.
"Já tive de pedir ao gesseiro que
refizesse duas vezes um pilar arredondado. Só na terceira, como
eu fiquei brava, ele resolveu usar
a fôrma", exemplifica a arquiteta
Fernanda Haddad, 34, que achou
o profissional por anúncio e não o
considerou qualificado.
Reclamações
Quem detecta falhas no serviço
pode reclamar, desde que tenha
feito, previamente, um contrato
relatando tudo o que esperava, incluindo prazos, responsabilidades e quantidades de materiais.
"É como um orçamento, que
deve ser o mais detalhado possível
e conter dados pessoais do prestador de serviço, como endereço
e número da carteira de identidade", recomenda Gabriela Ribas
Antonio Glinternik, 33, assessora
técnica da diretoria do Procon
(Fundação de Proteção e Defesa
do Consumidor).
"As pessoas tendem a achar que
assinar um contrato é sinônimo
de desconfiança, mas essa mentalidade precisa mudar."
(BMF)
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