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SAÚDE
Móveis com reentrâncias, bichos de pelúcia e carpetes estão vetados nos ambientes em que vive quem sofre do mal
Na casa do alérgico, médicos assumem papel do decorador
ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Um alérgico precisa ter uma casa "clean" -em todos os sentidos. E também necessita ter poucos móveis, de linhas retas. Não se
trata de uma tendência de moda.
É que o mobiliário mais trabalhado, cheio de reentrâncias, junta
muita poeira -a inimiga número
um das vias respiratórias.
Carpetes, tapetes, cortinas, bichinhos de pelúcia vão se dar mal
nessa casa. Também estão vetados pelo mesmo motivo. Na verdade, antes de aparelhar o seu lar,
o alérgico tem de consultar não
um decorador, mas um médico.
"No lugar de estofados e veludos, devem ser usados plásticos,
couro e vinil", diz a alergista Fátima Emerson, 50, presidente-executiva da Sociedade Brasileira de
Asmáticos, que criou uma cartilha sobre a casa saudável, em parceria com a Policlínica Geral do
Rio de Janeiro. "Móveis desse tipo
são mais fáceis de limpar, com um
pano úmido apenas", explica.
Para a médica, que também é
professora de pós-graduação da
Fundação Carlos Chagas, a casa
faz parte do tratamento de quem
sofre de distúrbios respiratórios.
"Não adianta trabalhar só com remédios. O remédio alivia, mas é
preciso melhorar o ambiente."
Ventilação e insolação são essenciais para isso. O alergista Fábio Morato Castro, 47, diretor da
Sociedade Brasileira de Alergia e
Imunopatologia e professor da
Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo), defende essa idéia. "A primeira recomendação, antes de usar purificadores de ar e outros equipamentos, é arejar o ambiente e permitir a entrada de bastante sol."
Vassoura
Fátima Emerson concorda e diz
que portas e janelas devem ficar
abertas mesmo que haja a poluição típica de uma grande cidade.
"Obviamente que poluição urbana é fator irritante para o aparelho
respiratório, mas não abrir a janela é complicado. É mais saudável
levar uma vida normal, não se
trancar numa redoma."
Um equívoco comum é espanar
ou varrer o chão com vassoura. A
médica diz que isso só levanta
poeira. O segredo é passar todos
os dias um pano molhado com
água e álcool.
A moda cama também está sob
a mira dos médicos. O quarto é
um dos principais focos de problemas. "O ácaro [animal microscópico] é o maior inimigo dos
alérgicos. Colchões e travesseiros
muito bem cuidados melhoram a
qualidade de vida dos doentes",
avalia Fátima Emerson.
Capas impermeáveis, com algodão por fora e plástico por dentro,
protegem colchões e travesseiros
contra a contaminação.
E a proteção é mesmo necessária. De acordo com Saul Vibranovski, 63, proprietário da Alergo
House, loja carioca especializada
em produtos e serviços para alérgicos e em proteção ambiental para documentos, um colchão com
quatro anos tem 20% de seu peso
só com resíduos de ácaros -fezes
e carcaças.
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