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RUÍDOS
Técnica cresce no país; no ano passado, foram consumidos 12 milhões de metros quadrados de placas de gesso acartonado
Dry wall isola som tanto quanto alvenaria
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os incomodados que se retirem. Esse surrado mote entrou na
vida do pecuarista Eduardo Melão, 58. Após conviver por quatro
anos com a barulheira da vizinha,
está de mudança. Segundo ele,
do apartamento acima do seu, vinha um incessante "tum-tum".
Escaldado, encomendou a aplicação de gesso acartonado na parede do dormitório em seu novo
endereço. "É para prevenir."
A escolha do gesso acartonado
vem crescendo no país. Segundo a
Abragesso (associação dos fabricantes), foram instalados 12 milhões de metros quadrados de
placas em 2001. Para 2002, esperam-se outros 15 milhões.
Mas ainda é pouco, pois o brasileiro consome 0,07 m2 por habitante ao ano, enquanto cada norte-americano usa 9 m2.
O engenheiro Nelson Faversani
Júnior coordenador de obras da
construtora InPar, pioneira no
uso da tecnologia, afirma que,
por si só, "o gesso acartonado é
mais isolante que a alvenaria".
Além disso, é uma alternativa
para a perda de espaço interno,
sobretudo em estúdios domésticos ou home theaters. A espessura
do gesso duplo é de 5 cm a 7 cm,
enquanto a parede de alvenaria
mede de 10 cm a 12 cm.
Para otimizar o isolamento, a
arquiteta Miriam Addor, 36, sugere o uso de duas placas de gesso
acartonado preenchidas com lã
de vidro com densidade de
16 kg/ m3 e a colocação de uma fita
adesiva própria para dry wall
entre a placa e o piso.
Se o dry wall simples, sem enchimento, tem o mesmo poder
isolante da alvenaria, com chapas
duplas, "o índice de absorção sobe para até 44 dB (decibéis); com
manta de lã de vidro, reduzimos
os ruídos em até 52 dB", afirma
o engenheiro Carlos Roberto de
Luca, da fabricante Placo.
Denise Duarte, 32, professora
do grupo de conforto ambiental
do departamento de tecnologia
da FAU-USP (Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), lembra
que, para evitar ruídos vindos
de cima, uma amiga queria encaixotar a casa com gesso. "Não
adianta. Sugeri que presenteasse o
vizinho com um tapete grosso."
Janelas e portas
O "sanduíche" de gesso acartonado é uma evolução, diz o professor de conforto ambiental da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unesp (Universidade
Estadual de São Paulo), João Roberto Gomes de Faria, 44.
"As portas e janelas preocupam
mais, pois, além de muito finas e
mal vedadas, ficam próximas entre si. Isso aumenta a capacidade
de propagação do som." Para ele,
é possível reforçar a vedação da
porta com fitas de borracha e uma
espécie de "escovinha", vendida
por metro em "home centers".
"Também as janelas contíguas
propagam o barulho. O jeito é não
escancarar a folha do lado do vizinho, mantendo aberta somente a
oposta", aconselha a arquiteta Sofia Kubo, especialista em acústica.
A dica de Miriam Addor é verificar a posição das caixas de tomada, que, segundo ela, facilitam a
passagem do som. "Vale a pena
isolá-las com lã mineral ou madeira. Mas a melhor escolha é deslocá-las uns 20 cm para o lado."
"Existem ainda materiais como
os painéis absorventes e o Pis-
tofibra [lã de vidro flocada", do
grupo Saint Gobain", lembra o
arquiteto Nelson Lojo.
Por fim, Addor recomenda colocar gaxetas para completar a vedação das portas. Mas alerta que
as acústicas são pesadas, empenam mais facilmente e dão mais
manutenção. (NATHALIA BARBOZA)
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