São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003 |
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FIEE Empresas e universidades mostram de formas alternativas de iluminação a meios para levar energia a comunidades distantes Idéias para geração e economia vêm à luz
ANDREA MIRAMONTES FREE-LANCE PARA A FOLHA Gerenciamento, economia e novas fontes de energia elétrica são as vedetes da 22ª Fiee (Feira Internacional da Indústria Elétrica, Energia e Automação). A feira começa depois de amanhã e vai até o dia 10 no Anhembi, em São Paulo. E não é à toa que o tema está em alta. De todos os serviços públicos -como telefonia, coleta de lixo e abastecimento de água-, a energia elétrica é o mais presente nos lares brasileiros. Segundo o último Censo (de 2000) do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 93% dos domicílios têm rede elétrica. A feira também aborda soluções alternativas na área. Além da exposição de produtos, a Fiee abriga a mostra Energia Brasil. O evento é organizado pela Rede de Tecnologia (instituição civil sem fins lucrativos e que tem como associadas universidades e outras organizações) e apresenta 33 projetos de empresas e universidades que focam em inovação ou em economia para o setor. Os projetos foram selecionados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Novos usos Uma das novidades apresentadas no evento é uma forma diferente de usar um velho conhecido da indústria de eletrônicos. Trata-se do LED (emissão de luz por diodo, em inglês), ponto de luz que indica que o eletrodoméstico está ligado ou em "stand by". Só que agora ele vai iluminar a casa. "Estamos lançando a luminária Disc. Trata-se de uma revolução tecnológica, pois não utiliza lâmpada, mas sim o LED. A vantagem é a duração, além da economia", conta Alexandre Góis, 38, diretor técnico da LedPoint, uma das empresas expositoras. Como se trata de uma inovação, o preço não é dos mais convidativos. Uma luminária como a do lançamento custa R$ 360. Em comparação com outros sistemas, o novo revela um custo até quatro vezes superior. Enquanto um equipamento básico com LED sai por R$ 200, um spot com lâmpada dicróica custa menos de R$ 50, de acordo com Alessandra Friedmann, gerente comercial da La Lampe. Outra solução exibida na mostra traz não só a luz, mas sim energia elétrica para toda a casa. É o sistema fotovoltaico, que funciona com placas de silício. Elas captam a energia solar, que, depois de passar por um inversor, transforma-se em energia elétrica e vai para baterias ou é distribuída diretamente para a casa. O tipo que não utiliza as baterias é o que estará à mostra na feira. Com ele, é possível até vender energia para a concessionária. "O sistema é conectado à fornecedora da rede elétrica e gera energia para o uso. Se houver excedente, ele é vendido para a concessionária. Mas, como o que sobra não é acumulado, o usuário necessariamente compra energia durante a noite. Ou seja, o medidor de consumo poderá girar em dois sentidos: um de compra e um de venda", explica o físico responsável pelo projeto, Adriano Moehlecke, 38, professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Segundo ele, esse tipo de "negócio" é comum no exterior. "Na Europa, há incentivo. Na Espanha, o dinheiro investido na instalação do sistema é recuperado em seis anos. Mas, no Brasil, isso ainda não é possível." O sistema fotovoltaico com bateria para armazenamento já é utilizado no país para abastecer comunidades distantes da rede. É o que afirma a física Maria Julita Guerra Ferreira, 47, coordenadora do programa para desenvolvimento energético da Secretaria estadual de Energia de São Paulo. Turbinas Feito também para atender locais afastados, o gerador de energia por turbina hidráulica é uma alternativa para casas sem conexão à rede. O dispositivo, feito pela Universidade de Brasília, é chamado de turbina hidrocinética. "A máquina gera energia com a correnteza do rio. Fica instalada na margem, não precisa de barragens, e a energia gerada vai direto para uma residência. Já há duas turbinas funcionando no interior da Bahia. Elas abastecem postos de saúde próximos aos rios", conta o engenheiro Rudi van Els, 39, pesquisador da Universidade de Brasília e gerente do projeto. Segundo ele, a máquina custa cerca de R$ 10 mil. "Ainda estamos melhorando o produto, mas posso adiantar que é uma solução economicamente viável e ambientalmente correta." Com os mesmos princípios ambientais, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul apresenta a turbina eólica (a vento). "Fizemos um dispositivo que gera energia para oxigenar a água em criações de camarão e peixes", conta Sérgio Luiz Schubert Severo, 38, pesquisador da UFRGS. Embora não esteja na feira, eles também desenvolveram a turbina eólica residencial. A máquina é composta de um alternador que gira e produz a energia que será acumulada em baterias. "Uma turbina de 3,20 m abastece uma casa, mas sem contar com chuveiro e ar-condicionado", diz Severo. Próximo Texto: Apagão mantém consumidor alerta Índice |
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