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CONSUMO
Canais oferecem comodidade, mas é preciso cuidado com a qualidade do produto e o cumprimento de promessas
Comprar pela TV é programa de risco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Controle remoto numa mão, telefone na outra, cartão de crédito
sobre a mesa de centro e um apresentador realçando as virtudes
de algum produto. Muitos não resistem à tentação e acabam levando para casa uma peça de decoração ou um eletrodoméstico sem
deixar o conforto da poltrona.
Isso é bom ou ruim? Há consumidores que se dizem satisfeitos
com os serviços oferecidos por
programas e canais de vendas.
Outros juram de pés juntos que
jamais se deixarão seduzir pelos
argumentos dos apresentadores.
Para os primeiros, o conforto e a
praticidade escamoteiam a impossibilidade de manusear o que
se está comprando. Os demais
procuram seguir o conselho de
são Tomé: só acreditam vendo.
Quem não resiste ao comichão
consumista deve estar atento a
detalhes e responder a perguntas
básicas antes de dizer "sim" à
operadora de telemarketing. O
que o vendedor eletrônico promete é verdade? O tom do tecido
do sofá é o mesmo ou um pouco
mais forte? O móvel cabe na sala?
Muita gente aprende a lição
do pior jeito possível. O projetista
Fernando Victorino, 29, resolveu
comprar um aparelho de som.
Pagou, mas não recebeu. "Depois
de muita canseira, devolveram
meu dinheiro", afirma ele.
A vendedora Débora Novais,
42, é uma telespectadora assídua
do canal de compras Shop Time,
em especial dos programas "TV
UD" e "Casa e Conforto", destinados a artigos para a cozinha e
de cama, mesa e banho.
"Compro tudo o que está dentro do meu orçamento mensal.
Para balancear as dívidas, parcelo
as compras", esclarece.
Mesmo com o risco de problemas, a vendedora não se aflige.
"Compro de olhos fechados, pois
acredito na idoneidade da empresa [Shop Time]. A praticidade e o
conforto são o que me atraem.
Não sei o que é ir ao shopping. É
cansativo, é burocrático. Prefiro
fazer tudo sentada no sofá."
É importante lembrar que, ao
adquirir uma peça pela televisão,
o telespectador pode ter problemas de proporção e de coloração.
Resultado: confundir gato com
lebre e comprar um móvel desproporcional à sala de estar ou,
então, optar por um tapete vermelho que na verdade é laranja.
A decoradora Brunete Fraccaroli, 40, concorda. "O ser humano
é mais sensorial do que visual. Para gostar de uma peça, seja ela
qual for, é necessário sentir na pele o seu toque. Os móveis devem
ser elaborados sob medida, o que
dificulta a compra pela TV."
(ÉRIKA MASCKIEWIC)
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