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SPA CASEIRO
Fabricantes propagandeiam curas para vários males, mas especialistas dizem que equipamento apenas relaxa
Médicos "vaporizam" virtudes das saunas
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O que você diria de um tratamento eficiente contra flacidez e
celulite, que prevenisse doenças
respiratórias, eliminasse as toxinas do corpo e, além de tudo isso,
ainda retardasse a calvície? Seria
fantástico se não fosse meramente uma estratégia mercadológica.
Tudo isso é o que apregoa em
material publicitário a maioria
das empresas que vendem saunas
residenciais e comerciais. De todas as promessas, só a função antiestresse é verdadeira, segundo
médicos consultados pela Folha.
"O uso de sauna é um hábito
prazeroso e relaxante. Durante a
sessão, há intensa sudorese provocada pelo aumento da pressão
arterial e vasodilatação. Mas colocá-la como instrumento terapêutico é propaganda enganosa", diz
a dermatologista Denise Steiner,
consultora da sua área em rádios
paulistanas (Alfa e Cultura FM).
Pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Arthur
Rothman, 50, concorda. "Não
há evidências médicas de tudo o
que é prometido pelas empresas.
Existe apenas um bem-estar que,
por sinal, é semelhante ao provocado pelo vapor do chuveiro."
Para a dermatologista Ediléia
Bagatin, 46, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), também não está provado que o uso
da sauna ajuda na eliminação de
toxinas. "É uma panacéia. Pelo
suor, perdem-se, sim, água, sódio
e potássio. As toxinas vão embora
pelos aparelhos digestivo e renal."
Quilos a mais
Os dermatologistas alertam para a confusão conceitual entre poros e vasos. Bagatin explica que os
poros não se dilatam com o calor,
mas sim os vasos, estimulados pelas glândulas de suor. "Os poros
têm a ver apenas com a gordura,
que não é dissolvida na sauna."
Ou seja, sauna não livra ninguém de celulite e de uns quilos a
mais. Segundo Fadlo Fraige Filho,
chefe da equipe do serviço de endocrinologia do hospital Beneficência Portuguesa (SP), "é o mesmo erro que tentar combater esses problemas com diuréticos".
A sauna é problema para quem
tem micose. O calor, diz Bagatin,
também não é bom para quem
sofre de inflamações.
Já os hipertensos e os cardíacos
sofrem com a vasodilatação intensa e podem até desmaiar. Por
isso é bom o tempo de exposição
ao calor não ultrapassar o limite
individual do que for confortável.
O maior risco da sauna é a desidratação da pele, sobretudo no inverno, para Ediléia Bagatin. A recomendação é ingerir água e usar
hidratante após cada sessão. Essas
providências, acrescenta, ajudam
a evitar o desgaste dos rins.
Já para os pulmões, o perigo
maior está no hábito de tomar
uma ducha fria logo após a sauna,
que pode levar a espasmos (contrações súbitas) dos brônquios,
diz o pneumologista Hélio Romaldini, 56, da Unifesp.
Ele esclarece que, apesar de a experiência mostrar que a sauna
úmida ajuda a fluidificar as secreções, há o risco de o usuário inalar
os fungos presentes no ambiente
úmido. Para resolver esse problema, ele recomenda fungicidas.
Aromaterapia
O pneumologista Hakaru Tadokoro, 52, da Unifesp, lembra ainda que as crianças devem evitar
temperaturas acima de 40C.
As controvérsias em relação às
funções da sauna não acabam por
aí. Sâmia Maluf, 44, psicóloga clínica especialista em síndrome do
pânico e em aromaterapia, afirma
que as pessoas estão confundindo
óleos essenciais e essências.
Ela explica que o óleo essencial é
a substância primária da planta e
é visto pela aromaterapia como
via de tratamento. Já essência é
fruto da sintetização em laboratório desses ativos.
Mesmo assim, diz, a sauna é
uma forma rápida para os óleos
essenciais atingirem o corpo pelos
poros, pelos pulmões e pelo cérebro. As restrições são poucas e
atingem pessoas com alterações
de pressão arterial, grávidas e epilépticos. No mais, é só relaxar.
(NATHALIA BARBOZA)
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