UOL


São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

MATERIAIS

Depois de combater os odores, fabricantes agora desenvolvem produtos que não agridem a saúde e o ambiente

Tinta entra na era da correção ecológica

BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O crescimento no número de latas com a frase "baixo odor" mostra a preocupação dos fabricantes de tintas com o nariz dos clientes. Mas a iniciativa de eliminar os efeitos nocivos de alguns componentes está só começando.
Nessa linha, o Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica) mostra três lançamentos que se propõem a cumprir esses dois requisitos. São eles uma cola, uma resina e uma tinta elaboradas sem solventes.
Feitas à base de óleos vegetais, a cola e a resina não têm cheiro e não liberam elementos prejudiciais à saúde e ao ambiente.
"A demanda no setor residencial representa 70% do nosso mercado de resinas", conta Aloysio Silva Araújo Junior, 51, diretor de desenvolvimento da Sealcolor, fabricante da cola e da resina.
A tinta tem as mesmas propriedades. Segundo Antonio Gonçalves Frutuoso, 43, engenheiro químico da Midas Elastômeros, fabricante do produto, "o odor é muito fraco por causa da qualidade da resina e porque o solvente utilizado na fabricação é a água".
O engenheiro Percival Andrade Nascimento, 46, procurou produtos ecologicamente corretos para a reforma da sede de uma entidade em Paulínia (126 km a noroeste de São Paulo) e aprovou a tinta. "Rendeu 20% a mais do que o previsto e custou apenas cerca de 5% a mais do que as tradicionais."
Para não prejudicar a saúde, o segredo desses produtos reside no fato de não possuírem VOCs (sigla em inglês para compostos orgânicos voláteis) nas fórmulas.
Existem diversos tipos de VOCs, mas, no caso das tintas, o principal deles é o solvente, cujo papel é suavizar a viscosidade para facilitar a aplicação e ajudar a manter a secagem homogênea.
Proteger paredes, madeira e concreto com um produto elaborado sem solventes significa que, enquanto ele estiver secando, liberará teores mínimos de VOCs.
"Os compostos são mais nocivos ao morador do que ao ambiente", afirma Kai Loh Uemoto Deng, 55, pesquisadora da área de tintas da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Especialmente a de quem tem problemas respiratórios. "Níveis altos de solvente desencadeiam reações em quem tem rinite alérgica e asma ou estiver debilitado ou com gripe", diagnostica Fábio Morato Castro, 47, supervisor do serviço de imunologia e alergia do Hospital das Clínicas.


ONDE ENCONTRAR - Idhea: 0/xx/11/ 5524-6120; Tintas Renner: 0800- 512380


Próximo Texto: Tintas: Sopa de letrinhas dificulta disseminação dos produtos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.