São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003 |
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ARQUITETURA Comuns nos EUA e em países europeus e asiáticos, paredes feitas de terra começam a ganhar espaço no Brasil João-de-barro inspira técnica construtiva
BRUNA MARTINS FONTES FREE-LANCE PARA A FOLHA Sustentando há séculos palácios asiáticos e casarões coloniais brasileiros e hoje bastante usados em países como os EUA, a Alemanha e o Japão, os métodos construtivos baseados na terra começam a caminhar para a normatização. Essa "volta às raízes" não é cisma de construtores devotados à ecologia ou à tradição. Além de baratas e ecologicamente corretas (por não consumirem energia em sua produção), as paredes de terra melhoram o conforto térmico. A obra também sai mais barata sem custar a beleza do imóvel. O arquiteto Ruy Arini, que já construiu cerca de 25.000 m2 com tijolos crus prensados, calcula que a economia seja de cerca de 40%. Segundo suas contas, o metro quadrado de uma obra de alto padrão que está realizando custa cerca de R$ 500, enquanto o preço do metro quadrado da alvenaria em março variou de R$ 517 (popular) a R$ 734 (residencial), segundo o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Já a parede de taipa (técnica de apiloar terra dentro de fôrmas de madeira) custa o equivalente à de alvenaria tradicional, diz o arquiteto Paulo Guilherme Franco Montoro, 55, presidente da ABCTerra (Associação Brasileira dos Construtores com Terra). Os tijolos crus formam a modalidade mais simples, feitos em moldes ou prensas e assentados com barro, argamassa ou cola. Já a técnica da taipa de pilão levanta paredes de grande resistência, mas é mais trabalhosa. As principais diferenças entre os tijolos e a taipa estão no campo dos custos e da resistência. Montoro afirma que as paredes de taipa são mais resistentes, enquanto Arini argumenta que o preço da parede em tijolos é menor. Antes de começar a remexer a terra, no entanto, alguns cuidados devem ser observados. Para proteger as paredes de chuvas severas e evitar infiltrações, especialistas recomendam fazer beirais mais largos no telhado e utilizar tintas com base mineral, já que o látex retém umidade. Normatização Em março houve a primeira reunião para fazer um projeto de regulamentação dessas técnicas na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A idéia é obter aval técnico para utilizá-las em projetos de larga escala. A norma funcionaria como uma base para a fiscalização, que por sua vez seria um lastro para a liberação de financiamento. "Os métodos evoluíram tecnologicamente. Estamos no primeiro passo, constituindo a comissão de estudos, que apresentará o projeto à ABNT", diz Valter Caldana, 40, coordenador do grupo. Diversas entidades, como a ABCTerra, o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo) e a Caixa Econômica Federal participaram da reunião. Onde encontrar: Ruy Arini: 0/xx/11/5574-5684 O Nomads vende por R$ 7 um manual de construção em terra e palha, no site www.eesc.sc.usp.br/nomads A cartilha sobre paredes de taipa custa R$ 10 na ABCTerra (0/xx/11/3887-5692) Próximo Texto: Técnicas dispensam o uso de eletricidade Índice |
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