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ARQUITETURA
Além de possibilitar vazios maiores sob as lajes, uso do material propicia ganho de tempo e obra mais limpa
Avanço do aço nas estruturas é concreto
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Brasil sempre cultivou o modo mediterrâneo de arquitetura,
sólido e de paredes de concreto
largas e maciças. Só agora a cultura do cimento começa a mudar,
com a abertura do setor da construção civil às estruturas metálicas. O sistema já conquistou até a
Caixa Econômica Federal, que admite financiar casas de metal.
Consagrado no país como uma
solução para grandes galpões industriais, o sistema começa a aparecer com mais frequência em
prédios residenciais e em casas.
As vantagens sobre o concreto,
dizem os especialistas, são muitas.
E começam pela industrialização
da obra, responsável pela redução
de até 40% no cronograma e pela
utilização de tecnologia limpa.
É possível tocar reformas e ampliações em edificações existentes
sem que o morador precise conviver com entulho. Além disso, no
canteiro de uma obra metálica, o
desperdício fica próximo de zero
(na convencional, chega a 30%).
"O uso ainda é pequeno porque
o domínio do concreto no Brasil é
imenso", justifica o arquiteto Caio
Bacci Marin, 31.
Tudo é feito fora do canteiro de
obras. "Um casa de alto padrão
que fiz vai "pousar" no terreno só
depois do paisagismo", conta o
arquiteto Siegbert Zanettini, sócio
da Abcem (Associação Brasileira
da Construção Metálica) e professor da FAU-USP (Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
A obra é uma sucessão de montagens e talvez por isso as diferenças mais sentidas entre os canteiros de obras de concreto e de metal sejam os pesos e volumes muito menores -pesam 10% de suas
correspondentes em concreto.
Não pode ser esquecido no cálculo que a estrutura metálica forma um "esqueleto" que pode balançar se não for feita uma amarração nela ou em estruturas de
concreto, alertam a engenheira
Heloisa Martins Maringoni e o
engenheiro Cassio Freire Loschiavo, da construtora Contrato.
Mão-de-obra
Zanettini explica que obras em
encostas de morros e no litoral
são perfeitas para a estrutura metálica, pois o aço vai sem dificuldades até a profundidade necessária para garantir a estabilidade
da construção. "Além disso, hoje
usamos o aço patinável (anticorrosivo), feito de ligas que aguentam água do mar, chuva e vento."
Outro diferencial das estruturas
metálicas é a grande precisão das
juntas e folgas. Na obra de aço, os
erros não ultrapassam dois milímetros, enquanto é comum haver
descompassos de até três centímetros nas obras de concreto.
Para Zanettini, o cliente da estrutura metálica também ganha
nos custos da mão-de-obra. "O
fato de o sistema economizar
tempo diminui os honorários."
Segundo ele, entretanto, o custo
final da obra pode "empatar" com
o da construção de concreto, conforme o padrão de acabamento.
A engenharia diz que a estrutura metálica sai de 7% a 10% mais
cara do que a de concreto. "A melhor opção, então, é a construção
mista, que retenha o melhor do
aço e o melhor do concreto", argumenta o engenheiro Loschiavo.
Os arquitetos Ararê Sennes, 33,
e Caio Bacci Marin, do escritório
Vista Urbana, usaram pilares e vigas metálicas para levantar mais
um piso numa casa. "Tiramos o
telhado numa semana e, na outra,
já estávamos colocando o aço",
completa Sennes.
A decoradora Bianka Mugnatto, 39, usou o aço no teto retrátil
de uma cobertura. "O maior desafio foi a vedação das emendas e do
travamento, que põe por água
abaixo projetos mal calculados."
Os interessados no assunto podem ter um raio-X do setor de estruturas metálicas entre os dias 11
e 13 de novembro, no Frei Caneca
Shopping Center & Convention
Center, em São Paulo, durante o
2º Cicom -Congresso Internacional da Construção Metálica.
(NATHALIA BARBOZA)
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