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Materiais nobres retirados em reformas são vendidos para lojas ou demolidoras, reduzindo gastos com pedreiros e caçambas
Entulho que vira dinheiro
BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Engana-se quem pensa que a
caçamba é o único destino do entulho de uma reforma e que livrar-se dele traz apenas prejuízos.
De olho em materiais como
azulejos, esquadrias e tijolos, demolidoras e lojas de materiais
usados se oferecem para retirá-los
de graça e até para comprá-los.
Esse é, por exemplo, o caso do
azulejo. Depósitos de peças fora
de linha removem o material da parede sem
cobrar pelo serviço e pagam de
R$ 3 a R$ 20 por metro quadrado
do que retirarem intacto.
"Economiza o gasto com o pedreiro", diz o arquiteto Gustavo
Calazans, 30, que lança mão desse
expediente em reformas.
Segundo empreiteiros, um dia
de trabalho de um pedreiro vale
de R$ 35 a R$ 50.
Demolidoras também gostam
de fazer negócio. Avaliam e compram tijolos, esquadrias e portões, especialmente os de ferro ou
de madeiras nobres. Mas, se a intenção é pôr tudo abaixo, algumas
empresas fazem o serviço de graça se o imóvel possuir vários artigos de valor.
Cotação
Os itens mais procurados para
revenda são portas e janelas de
madeiras nobres (como o pinho-de-riga, o cedro, a peroba e a cabreúva), portões de ferro trabalhado e tijolos maciços com mais
de 24 cm de comprimento.
Esquadrias de alumínio e vitrais
também são valorizados. Janelas e
portas de madeiras nobres geralmente são adquiridas pelos revendedores por R$ 100, mas uma
porta feita com o disputado pinho-de-riga é comprada por até
R$ 500. Portões de ferro podem
atingir de R$ 100 a R$ 500.
"Um vitral com desenho bonito,
bem-feito, vale de R$ 100 a
R$ 600", ilustra Eli de Oliveira
Ferreira, 44, vendedor da loja
de materiais usados Como Antigamente. Os preços variam
de acordo com o estado de conservação das peças.
Tijolos de demolição (maciços,
com comprimento que varia
de 24 cm a 28 cm) também interessam aos revendedores, mas em
grandes quantidades. O milheiro
vale de R$ 80 a R$ 200.
Antes da venda, porém, demolidores fazem as contas. Se a distância encarecer demais o frete ou a
quantidade for muito pequena,
eles não fecham negócio.
Em baixa
Os materiais menos procurados pelos fãs do estilo rústico
ou retrô não têm muito valor de
troca. Isso acontece com telhas,
tacos e louças sanitárias.
Apesar de serem descartados
em grandes quantidades, tacos e
telhas não interessam aos revendedores porque seus clientes geralmente procuram poucas unidades para reposição.
"Compro mais de 4.000 peças,
mas vendo de 10 a 50 de cada vez",
explica Maria Augusta Pereira, 44,
proprietária do Museu das Telhas, que só adquire material para
reposição de seu estoque.
Mas nem tudo está perdido pa-
ra o que não interessa aos revendedores. "Dá para negociar com
os pedreiros ou fazer permutas
com outros clientes", sugere o arquiteto André Moral, 29.
Calazans conta ter economizado quatro caçambas ao distribuir
10 mil tijolos para duas outras
obras em que trabalha. Cada viagem de caçamba custa, em média,
R$ 80. "O entulho ainda pode ser
usado para encher laje", diz.
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