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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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CERTIFICAÇÃO

Respeito às normas ajuda; com máquinas antigas, produtores de telhas de cerâmica e tijolos são exceção

Para especialistas, qualidade dos materiais evoluiu

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Quando o assunto é qualidade, os materiais de construção evoluíram nos últimos anos, na opinião de especialistas de diversos setores. Uma justificativa é o fato de a produção nacional estar cada vez mais adequada a determinações estabelecidas pelas normas técnicas existentes.
"Hoje há vários programas de qualidade implementados por fabricantes, o que acaba refletindo na qualidade da concorrência", concorda Vanderlei John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Em alguns casos, o nível da produção nacional em conformidade com as normas técnicas ultrapassa os 90%. Cimento (99%), barras de aço (98,2%), tubos de PVC (92,6%) e louças sanitárias (90,4%) são os primeiros da lista, de acordo com o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).
Esse programa existe desde 1998 e reúne controles de qualidade de 26 setores fabricantes, que representam 94% dos itens da cesta básica da construção.

Varejo
Fora do âmbito do PBQP-H, alguns setores desenvolvem seus próprios programas de qualidade, como o de madeiras.
Começando pelas compensadas, o programa da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) verifica o processo de produção e agora pretende começar a analisar portas.
"Temos 64 empresas no projeto", diz Jeziel Adam de Oliveira, 51, superintendente da Abimci, que estima que haja cerca de 15 mil madeireiras no país.
Os fios e cabos elétricos participam de outro processo, o de certificação pelo Inmetro. Assim, os produtos que seguem os requisitos de qualidade são identificados com selos na embalagem.
Na outra ponta, o consumidor tem mais recursos para saber se está levando para casa itens que obedecem a normas técnicas.
Isso porque os fabricantes se esforçam para tornar pública a conformidade, imprimindo selos em embalagens ou divulgando listas on-line, como ocorre no site do PBQP-H (www.pbqp-h.gov.br/participantes/fabricantes.htm) e do Centro Cerâmico Brasileiro (www.ccb.org.br).
O varejo também tem tomado iniciativas para fazer valer o que prega o Código de Defesa do Consumidor. A legislação determina que lojas de materiais de construção vendam apenas itens que obedeçam às normas técnicas.
Na última terça-feira, por exemplo, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) assinou um acordo com a Afeal (Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio) para assegurar que as revendas de material passem a trabalhar apenas com esquadrias em conformidade.

Cerâmicas
O sinal só fecha para as cerâmicas vermelhas. Segundo especialistas, muitas telhas, tijolos e blocos feitos desse material têm problemas. "É comum encontrar peças menores do que o padrão", alerta John. "Como a energia é o principal custo da cerâmica, muitas não são bem cozidas, o que compromete a resistência."
"O nível de não-conformidade nesses segmentos chega a 90% da produção do país", calcula José Octavio Armani Paschoal, 51, presidente do Centro Cerâmico do Brasil. "A situação é ainda muito precária, mas a indústria de telhas está começando a se preocupar mais com o tema."
Para ele, os fornos ultrapassados respondem pela má qualidade das peças. "Deveriam ser mais modernos, mas muitos produtores não têm como investir R$ 500 mil em modelos sofisticados. Um simples sai por R$ 20 mil."
Paschoal estima que haja no Estado cerca de 300 fábricas de telhas e 600 de blocos, mas apenas dois fabricantes de blocos e 14 de telhas foram aprovados por obedecerem às normas técnicas.
Feitos do mesmo barro, os revestimentos cerâmicos vão em direção oposta. "O setor de pisos e azulejos está evoluído, com 80% da produção em conformidade com as normas técnicas e 60% dela certificada", comenta Paschoal. (BRUNA MARTINS FONTES)



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