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Sem deixar de lado aspectos místicos ou culturais, nativos unem peças vindas da Índia com o mobiliário brasileiro
Objeto indiano "casa" com móveis nacionais
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Na hora de montar sua casa no
Brasil, os indianos são adeptos da
fusão entre Ocidente e Oriente.
Em geral, o mobiliário é brasileiro, mas na decoração imperam os
objetos vindos da Índia. Essa é a
regra na decoração da casa de Lakhi Daswani, 52, dono do restaurante Tandoor, em São Paulo.
Mas, como a decoração não é
apenas uma questão de estética
para os indianos, em suas casas
não faltam objetos com significações místicas ou culturais.
Além do cantinho reservado a
divindades como Ganesh (deus
mais venerado, considerado protetor e que abre caminhos) ou
Shiva (que simboliza a transformação), outros detalhes deixam
entrever seus costumes.
"Na casa dos hindus nunca falta
o "diuli" [lamparina", que acendemos, com azeite, para os deuses
no oratório", exemplifica Amélia
Teresinha Miranda, psicóloga e
professora, nascida em Goa.
Outro detalhe é o bandô (arranjo de folhas bordadas ou de metal)
pendurado no alto da porta. "Os
desenhos simbolizam divindades", diz a dona-de-casa Krishna
Majumder, 50, de Calcutá.
Na porta de sua casa, ela também tem sinos. "Transmitem paz
e união e sempre são pendurados
em uma corda decorada."
O misticismo está na entrada da
casa da cantora Ratnabali Adhikari, 46. Assim que passa a porta,
o visitante se depara com uma estátua de Ganesh, que está lá "para
remover todos os obstáculos".
A combinação de culturas também está presente. "Tentei fazer
dois ambientes, um mais ocidental, com sofás e a televisão, e outro
mais indiano", explica.
Neste último, não faltam almofadas bordadas (geralmente com
estampas de elefantes), estátuas
de divindades e quadros feitos de
panos pintados com figuras como
marajás e bailarinas.
Jeitinho brasileiro
As peças indianas não se encaixam só em ambientes tipicamente orientais. Para decoradores,
caem bem em ambientes modernos. "Almofadas de seda coloridas dão um toque diferente a um
sofá branco em uma sala contemporânea", exemplifica a arquiteta
de interiores Nesa Cesar, 45.
Isso sem deixar de lado um toque de criatividade. Muitos objetos antigos são reinventados
-como os sáris, tecidos que migraram da cintura das mulheres
para as paredes e janelas da casa.
Nessa reinvenção, vasos e esculturas longilíneas viram bases para
abajures, estribos de camelos se
transformam em estantes e panelas para fazer iogurte tornam-se
cachepôs. Baús também são usados como mesa de centro.
Mas é preciso conhecer bem o
produto. "Quem compra um objeto indiano tem de saber o material de que é feito, sua história",
recomenda Mukesh Chandra, dono do restaurante Govinda.
"Não adianta comprar a peça
sem saber o que significa", concorda Sonia Mesquita, 60, proprietária do hotel Canto da Floresta, decorado em estilo indiano.
Como muitos objetos são feitos
de uma mistura de metais, toda
atenção ao material é pouca. "Peças com metais baratos escurecem rápido", aponta Majumder.
A única ressalva que os indianos
fazem refere-se ao local onde colocar as esculturas de seus deuses.
"Elas devem ficar em destaque,
e não em locais como sobre o microondas ou no banheiro", opina
Adhikari.
(BRUNA MARTINS FONTES)
ONDE ENCONTRAR
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