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RAÍZES
Lojas e viagens são saída para os interessados em "comprar memória"
Quem não herda tem de correr atrás
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A vontade de usar a decoração
para lembrar a ascendência acaba
formando dois grupos. Um é
constituído por aqueles que tiveram a sorte de herdar móveis e
objetos. No outro, estão os que
perambulam por lojas, bazares,
centros culturais e viajam ao exterior em busca de suas raízes.
Uma representante do primeiro
grupo é a administradora de empresas Adriana Vera, 33, que ganhou do pai peruano um quadro
cusquenho -feito no estilo barroco e com forte influência da arte
incaica. A obra, que já havia pertencido aos avós, está em poder
da família há pelo menos 60 anos.
"Não abri mão de colocá-lo na
sala. O resto da decoração do meu
apartamento é contemporânea,
mas combina com ele", explica.
No quarto do filho de Vera, Eric
Max Hess, 8, mais lembranças da
cultura peruana. São peças que o
menino ganhou do avô. "Eu dei
para ele esculturas em barro e um
presépio índio", conta o pai de
Adriana, Júlio Vera, 60.
Já o artista plástico Alexandros
Evan Dovas, 33, herdou da família
grega alguns livros e peças menores. Mas, dizendo-se apaixonado
pelas artes clássicas, ele quis colecionar mais elementos para cultuar seu passado helênico.
De uma temporada de quatro
anos na Grécia, ele trouxe algumas peças -como a reprodução
de um elmo (espécie de capacete
usado por gregos em batalhas).
Por lá também aprendeu técnicas
de escultura e de pintura.
O artista plástico está preparando, para a principal sala de sua casa, uma escultura de gesso em
baixo-relevo com deuses gregos.
"Ela vai tomar a parede inteira,
tem 3 m por 2,5 m. Queria uma
coisa humana e que desse movimento para a minha sala", justifica Dovas, entusiasmado.
A escultura, em fase de acabamento, será conjugada com um
consolo em mármore, que o artista já possui. "Ele tem colunas no
estilo grego. Vai combinar bem."
Lojas
Se não há peças herdadas ou dotes artísticos -mas há o desejo de
lembrar a cultura dos ancestrais-, o caminho é buscar lojas
que vendem artigos de arte e peças de decoração de outros países.
Correr atrás de referências culturais para decoração será bem
mais fácil para alguns descendentes -árabes, orientais e africanos- do que para eslavos, americanos, espanhóis e franceses.
É só olhar a oferta de lojas de decoração da cidade para constatar.
Muitas são as opções para aquelas
"étnicas", para usar uma palavra
cara aos decoradores.
As lojas com artigos orientais,
em especial tapetes e móveis em
fibra, são maioria, concorrendo
de perto com as que vendem artesanato (veja quadro nesta página). Especialistas são unânimes
em dizer que vale a pena pesquisar as características dos móveis
de cada país, para não levar gato
por lebre.
(FLÁVIA MARREIRO)
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