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Resistência do "dry wall" ao barulho é uma das principais dúvidas, mas lã de vidro promete solução; reforma custa, em média, R$ 27 o m2
Barreira do som?
ISABELLE SOMMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Deixa passar muito barulho ou
não? Essa é uma das principais
dúvidas sobre o "dry wall" (placas
de gesso acartonado fixadas em
estruturas metálicas, usadas
como divisória interna e como
parede entre apartamentos vizinhos) desde que foi implantado
no Brasil, há cerca de dez anos.
Pesquisas diferentes mostram
que o barulho pode ser minimizado com forração acústica. As
paredes de "dry wall" têm uma
vantagem teórica sobre as de alvenaria, explica João Gualberto
de Azevedo Baring, pesquisador
do Laboratório de Acústica do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da USP (Universidade de São
Paulo): elas são ocas, o que dificulta a passagem de barulho.
"Quando o som atravessa um
material sólido, ele encontra continuidade. Quando há um espaço,
ele sofre uma inter-reflexão, como se estivesse num labirinto."
Economia
O problema é que os apartamentos usam a forma mais econômica de "dry wall", que custa
em média R$ 45 o metro quadrado, conta com estruturas (chamadas de perfis ou montantes) simples e não tem isolamento com lã
de vidro. Com manta isolante de
som, o valor sobe para R$ 53.
Usando a configuração mais sofisticada, chamada de dupla, em
que a manta acústica faz uma espécie de ziguezague entre as estruturas metálicas e as placas, o
preço vai para R$ 63.
Sem o isolamento interno, as estruturas metálicas ficam em contato com as duas placas de gesso
que formam a parede. Isso cria
uma "ponte acústica", que leva o
ruído de um lado ao outro.
Pesquisas
Três pesquisas avaliaram a eficiência do isolamento com mantas de lã mineral (vidro ou rocha).
A consultora e engenheira civil
Maria Angelica Covelo Silva, do
Núcleo de Gestão e Inovação do
Centro de Tecnologia de Edificações, fez dois levantamentos com
moradores de Porto Alegre, neste
ano, e de São Paulo, em 2002, a pedido de construtoras. Ela mediu a
satisfação dos usuários com as divisórias.
Em Porto Alegre, a comparação
foi feita entre três prédios com alvenaria e outros três edifícios com
gesso. De acordo com ela, o nível
de insatisfação com os ruídos é
próximo nos dois: 30% no prédio
de alvenaria, 39% no de "dry
wall". No estudo de São Paulo,
num edifício com "dry wall" e lã
de vidro, o índice de insatisfeitos
foi zero. No de alvenaria, de 69%.
Em uma outra experiência, feita
em 2000 no IPT, Baring comparou uma parede de alvenaria de
12,5 cm de espessura com outra
de placas de gesso com 8 cm e
preenchida com lã de vidro.
O "dry wall" mostrou um desempenho mais eficiente em ruídos entre 250 e 1.600 Hz (hertz). A
freqüência máxima registrada comumente em um apartamento é
de 1.000 Hz, segundo ele.
O revestimento pode mesmo
ajudar a melhorar o desempenho
das placas, avalia Emílio Antônio
Braga, diretor da empresa RBC
Acústica, especializada no desenvolvimento de projetos acústicos.
"Só o "dry wall" não serve", afirma . É necessário fazer uma composição com mantas de lã, acrescenta. "Dá um efeito semelhante
ao de uma parede convencional."
Conserto
Quem já mora num apartamento com vazamento de som por falta de forro acústico tem a opção
de fazer uma reforma completa.
Daniel Crepaldi, técnico de
produto da fabricante Jorsil,
diz que as placas de gesso podem
ser removidas sem risco porque
não fazem parte da estrutura
de sustentação. Cada placa de gesso (1,20 m por 2,40 m) sai por
R$ 28. Um rolo de 15 m2 de lã de
vidro custa R$ 138. A mão-de-obra sai R$ 8 por m2.
As construtoras são obrigadas a
informar nas plantas oficiais se o
"dry wall" tem proteção acústica.
O jeito de o morador descobrir
por conta própria é pedir o projeto do prédio. Especialistas em
"dry wall" conseguem descobrir
se existe a manta apenas batendo
na parede, afirma Crepaldi.
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