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GUIA DA REFORMA
Elétrica e hidráulica
Especialistas ensinam a diagnosticar os principais problemas nas redes que abastecem a casa com luz e água e apontam possíveis causas e soluções
ELÉTRICA E HIDRÁULICA
Entre outros perigos, demora na resolução de panes nas redes de água e luz pode comprometer a estrutura e propiciar incêndios
Quem espera corre o risco de perder a casa
ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A pressa é amiga da perfeição
quando o assunto é o conserto
das redes elétrica e hidráulica.
Diferentemente de outros departamentos da casa, esses exigem
ação imediata para evitar que
a estrutura corra riscos.
Quanto mais velho o imóvel,
mais perigo existe, e o de incêndio
é um deles. Pode ser causado, por
exemplo, devido a instalações elétricas insuficientes, com fios cuja
seção - espessura- fica aquém
do necessário.
"Há 20 anos, não havia tantos
equipamentos elétricos, e a rede
era adequada para aquela realidade. Hoje, instalações antigas têm
de ser adaptadas", comenta Edson Martinho, 38, coordenador
de projetos do Procobre (Instituto
Brasileiro do Cobre).
Isso pode significar uma reforma geral na rede, segundo o eletricista e encanador industrial Roberto Fractucello, 45. "Casas antigas têm conduítes de diâmetros
pequenos, nos quais cabem, no
máximo, três fios. Eles precisam
ser trocados, e para isso a reforma
é grande", alerta.
Martinho calcula que o custo da
reforma da rede elétrica de uma
casa de 100 m2 varie de R$ 800 a R$
1.200, embora possa ser maior, de
acordo com o projeto.
Abrir, consertar e fechar
Já a hidráulica residencial antiga
apresenta menos riscos de morte
ao morador, mas os estragos na
casa e na conta bancária podem
ser igualmente grandes.
"É mais fácil visualizar o problema com hidráulica, pois geralmente ele estraga outras partes,
destaca azulejos, afeta revestimentos do piso. Nesse caso, a solução é uma só: tem de abrir, consertar e repor o acabamento", diz
a arquiteta Flávia Ralston.
Em imóveis antigos, os problemas podem se dar por corrosão e
entupimento de tubos de ferro
galvanizado, que, na maioria das
vezes, estão enferrujados.
Para Orestes Marraccini Gonçalves, 51, professor da Poli-USP
(Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), é preciso trocar tudo. "A corrosão diminui o
diâmetro do tubo, afeta a pressão
e gera vazamentos."
Mas nem sempre é preciso ser
tão radical. Há empresas especializadas em auscultar a tubulação e
encontrar o local exato do problema, sem precisar quebrar toda a
parede. "A visita à residência e o
serviço custam cerca de R$ 250
em São Paulo", diz Victor Bombana, 39, representante da American Leak no Brasil.
Trocando tudo
Como os sistemas hidráulico e
elétrico geralmente correm dentro das paredes, é difícil checar as
condições de fios e tubos. "Há casos em que o cliente chama para
uma reforma superficial, mas,
quando vejo os sistemas, tudo
tem de ser trocado", conta a arquiteta Márcia Kalil, 40.
Foi o que aconteceu com a técnica em documentação imobiliária Lucimar Pellim, 53. "Comprei
um apartamento para a minha filha. Queríamos apenas mudar detalhes, como pintura e acabamentos. Mas a arquiteta mostrou que
toda a rede hidráulica e elétrica
estava comprometida e antiga."
O resultado é que Pellim acabou
gastando muito mais do que o
previsto. "Queria investir no máximo R$ 5.000, mas desembolsei
R$ 20 mil." Ela aprendeu que, antes de adquirir um imóvel antigo,
há alguns pontos a checar.
"Na rede elétrica, verifique se no
quadro de distribuição há gambiarras, como remendos e fios
que não correm dentro dos conduítes", alerta Alberto Luiz Duplessir Filho, 43 , vice-presidente
de tecnologia do Secovi (sindicato
de imobiliárias e construtoras).
Caixa-d'água
Outra dica de Duplessir é olhar a
tubulação próxima à caixa-d'água, para ter uma idéia de como
está o sistema interno.
Ainda faz parte da precaução
checar a existência de vazamentos
dentro dos gabinetes das pias,
além do funcionamento das válvulas de descarga.
Para manter as redes em ordem,
há também alguns cuidados a serem tomados. "O sistema elétrico
deve ser revisto a cada dez anos",
avisa Martinho, do Procobre.
Na rede hidráulica o jeito de colaborar com o bom funcionamento é evitar sujeira nos tubos. Especialistas afirmam que a limpeza
da caixa-d'água, por exemplo, deve ser feita a cada seis meses.
"Isso evita que a sujeira fique
acumulada no sistema", ensina o
engenheiro Hesley Tomazetti, 43,
dono da Hidráulica Tomazetti.
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