São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008


Refém das Farc por seis anos, Ingrid Betancourt é libertada na Colômbia

Rodrigo Arangua - 2.jul.2008/France Presse
Ingrid Betancourt entre sua mãe, Yolanda, e seu marido, Juan Carlos, ao chegar a Bogotá

RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO

Seis anos, quatro meses e nove dias depois de ser seqüestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt foi libertada na última quarta com outros 14 reféns da guerrilha -alguns deles, há mais tempo ainda em cativeiro- em uma ação espetacular do Exército colombiano.
O resgate foi o mais duro dos recentes golpes infligidos pelo governo Álvaro Uribe à guerrilha, a mais antiga em ação na América Latina, com mais de 40 anos de atividade -só neste ano, a organização já perdera três de seus principais líderes.
A libertação de Ingrid era cobrada em marchas pelo mundo e por líderes tão distintos como Nicolas Sarkozy -que celebrou o resgate como um triunfo seu- e Hugo Chávez.
Os detalhes cinematográficos da operação ainda estão nebulosos. Pela versão oficial, em uma operação "100% colombiana", o Exército se infiltrou nas Farc e enganou um guerrilheiro de codinome César, simulando uma ação humanitária. Acabou tirando os reféns da guerrilha sob suas próprias barbas, sem disparar um tiro.
Que a operação não foi 100% colombiana é certo. Os EUA tiveram um papel de inteligência e planejamento crucial para sua realização, como admite o embaixador em Bogotá.
Na sexta, uma rádio pública suíça levantou suspeitas de que todo o resgate tenha sido uma encenação e que César e seus companheiros foram comprados por US$ 20 milhões -versão negada por Colômbia, EUA e pela própria Ingrid.
A personagem da semana fez com os dois filhos que não viu crescer a viagem entre suas duas pátrias e, após seis anos na selva colombiana, foi recebida com festa por Sarkozy em Paris. Nos próximos dias, deve visitar até o papa.
Na Colômbia, Uribe colhe os frutos do novo golpe à guerrilha, vê a popularidade crescer e pode usar o fato politicamente para aumentar ainda mais suas já enormes chances de vitória no referendo que promete levar a cabo para legitimar o seu governo -questionado pelo Judiciário, já que ele só pôde se reeleger após uma mudança na Constituição ocorrida com a compra, comprovada, do voto de uma congressista.


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