São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008


Governo tem semana ruim no caso Dantas

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem novidades realmente expressivas na frente investigativa, já que previsivelmente a estratégia da defesa é o silêncio, coube à própria Polícia Federal e ao Palácio do Planalto o protagonismo nos desdobramentos da Operação Satiagraha -aquela que visa desmantelar o que chama de organização criminosa ligada a Daniel Dantas e Naji Nahas.
E o enredo ficou feio para o governo federal. Em uma seqüência bizarra de eventos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva primeiro avalizou a saída do delegado Protógenes Queiroz da chefia da investigação. O delegado, então, fez vazar a informação de que tinha sofrido pressões para deixar a posição. Era terça-feira.
Foi a vez de um Lula irritado conceder entrevista "exigindo" a permanência de Queiroz ou o fim da queixa. No dia seguinte, quinta, o presidente disse para a PF divulgar o conteúdo da reunião em que supostamente Queiroz havia dito que iria deixar a função porque precisava fazer um curso na PF em Brasília. Detalhe: a polícia só divulgou menos de quatro minutos de uma conversa de três horas, e não foi muito convincente.
A edição repercutiu mal anteontem, culminando no conflito aberto pelo Ministério Público Federal em São Paulo: baseado em informações de Queiroz de que sofreu boicote a sua investigação, será investigada a conduta da cúpula da Polícia Federal no caso.
Para Lula, do ponto de vista de imagem, o pior dos mundos. Sua cobrança enfática foi vista como uma reação ao fato de a investigação ter chegado à sua ante-sala, na apuração dos lobbies do petista e advogado de Dantas Luiz Eduardo Greenhalgh dentro do Planalto. Se não foi isso, tomou partido numa disputa interna da PF contra o "herói" público da ocasião. O silêncio presidencial teria sido menos constrangedor.


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