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Governo tem semana ruim no caso Dantas
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem novidades realmente expressivas na frente investigativa, já que previsivelmente a estratégia da defesa é o silêncio, coube à própria Polícia Federal e ao Palácio do Planalto o protagonismo nos desdobramentos da Operação Satiagraha -aquela que visa desmantelar o que chama de organização criminosa ligada a Daniel Dantas e Naji Nahas.
E o enredo ficou feio para o governo federal. Em uma seqüência bizarra de eventos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva primeiro avalizou a saída do delegado Protógenes Queiroz da chefia da investigação. O delegado, então, fez vazar a informação de que tinha sofrido pressões para deixar a posição. Era terça-feira.
Foi a vez de um Lula irritado conceder entrevista "exigindo" a permanência de Queiroz ou o fim da queixa. No dia seguinte, quinta, o presidente disse para a PF divulgar o conteúdo da reunião em que supostamente Queiroz havia dito que iria deixar a função porque precisava fazer um curso na PF em Brasília. Detalhe: a polícia só divulgou menos de quatro minutos de uma conversa de três horas, e não foi muito convincente.
A edição repercutiu mal anteontem, culminando no conflito aberto pelo Ministério Público Federal em São Paulo: baseado em informações de Queiroz de que sofreu boicote a sua investigação, será investigada a conduta da cúpula da Polícia Federal no caso.
Para Lula, do ponto de vista de imagem, o pior dos mundos. Sua cobrança enfática foi vista como uma reação ao fato de a investigação ter chegado à sua ante-sala, na apuração dos lobbies do petista e advogado de Dantas Luiz Eduardo Greenhalgh dentro do Planalto. Se não foi isso, tomou partido numa disputa interna da PF contra o "herói" público da ocasião. O silêncio presidencial teria sido menos constrangedor.
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