|
BC acelera aperto no juro e surpreende mercado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A previsibilidade da política
de juros do Banco Central ficou
para trás na semana passada.
Contrariando as expectativas, o
BC de Henrique Meirelles decidiu acelerar o ritmo do aumento de juros para segurar a inflação: elevou, em uma só tacada
de 0,75 ponto percentual, a taxa
básica brasileira de 12,25% para 13%. Até então, os aumentos
eram de 0,5 em 0,5 ponto.
Foi o bastante para o mercado fazer quatro considerações,
que levam a uma mudança
completa na alocação de investimentos até o final do ano: 1) o
BC vê um repasse maior dos aumentos de preços do atacado
para o varejo; 2) novos aumentos de juros virão e a taxa pode
terminar o ano em 15% (a previsão anterior era de 14,25%);
3) o foco agora é colocar a inflação de 2009 dentro da meta de
4,5% (porque neste ano deverá
ficar em 6,53%); 4) o BC ganhou cacife político de Lula para "fazer o que precisa ser feito"
mesmo em um ano de eleição.
Nos mercados, o Brasil já é
visto como o país mais agressivo no combate à inflação mundial por meio do aumento de
juros. Começou a elevar as taxas ainda em dezembro, quando havia dúvidas se a inflação
era uma ameaça global. Criticado à época, a receita foi depois
seguida em toda América Latina, Europa e agora na Ásia. Só
não pegou nos EUA, que estão
mais preocupados com a crise.
Aumentos de juros costumam ser duramente criticados
porque retiram de circulação
dinheiro que poderia ser investido para movimentar a economia. Dessa vez, o coro contra a
decisão do BC foi menor, reunindo o ceticismo de empresários e de sindicalistas.
Com juros de 13%, o Brasil
paga 10,5 pontos acima dos
2,5% da remuneração dos títulos da dívida americana e passa
a atrair mais capital do exterior.
Alguns analistas vêem a possibilidade de o dólar testar novos
pisos, rumo ao patamar de R$
1,50. Não há consenso sobre isso porque o dólar está muito
baixo e sai dinheiro da Bolsa.
O consenso até agora é que os
investimentos em fundos DI e
nos CDBs ficaram mais atraentes e as perspectivas para a Bolsa ficaram ainda piores, especialmente no cenário de crise
internacional. Poucas ações são
capazes de render mais do que
os 15% que os juros previstos
para o final deste ano.
Texto Anterior: Hits da web Próximo Texto: Imagem da semana Índice
|