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Para o presidente do Ipea, Glauco Arbix, estudo contribui para o desenvolvimento de metodologia sobre o tema
"Impacto é assustador", diz especialista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO
O presidente do Ipea, Glauco
Arbix, classificou de "assustadores" os números obtidos sobre o
impacto dos acidentes de trânsito
na economia -custo de R$ 5,3
bilhões (em valores atualizados)
para a área urbana no Brasil. Segundo ele, esse estudo, inédito no
país, contribui também para o desenvolvimento de uma metodologia própria sobre o assunto.
O coordenador de projetos do
Ipea, Ricardo Lima, ressaltou que
o trabalho analisou apenas os custos, não levantando causas dos
acidentes, por exemplo. Por isso,
segundo ele, há a necessidade de
outros tipos de levantamento, que
dêem continuidade ao trabalho.
Para Lima, a falta de um banco
de dados uniformizado, com informações sobre feridos, mortos e
acidentes no país, dificulta esse tipo de pesquisa. "É um absurdo
não sabermos quantos são exatamente os acidentes e as vítimas",
disse, lembrando que há várias
fontes para mortes no trânsito.
Enquanto o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) indica 20.049 mortes em 2000, dados do Ministério da Saúde apontavam 30.944 óbitos decorrentes
do trânsito em 1999. No ano passado, o número estava entre 29
mil e 30 mil, diz o ministério.
A diferença é que os dados do
Denatran contabilizam só mortes
na hora do acidente. Já o Ministério da Saúde inclui óbitos após a
assistência médico-hospitalar.
Os pesquisadores do Ipea explicaram ainda que o número de
mortes não afeta o cálculo do custo dos acidentes. Disseram que
acrescentaram esse dado no relatório final do trabalho para destacar a subnotificação. "Quisemos
despertar a atenção para o problema e levantar a necessidade de
mais estudos", afirmou Lima.
Segundo Lima, o avanço da pesquisa está na criação da metodologia brasileira para o assunto,
aplicável em outras regiões.
Para o pesquisador José Ribamar Góes, do Ipea, a pesquisa
aponta que ações voltadas à melhoria do trânsito se tornam mais
eficazes se a política pública estiver voltada para acidentes com vítimas. Isso porque 43% dos custos
anuais estão relacionados à perda
de produção, que, normalmente,
se associa aos casos com vítimas.
Segundo Góes, é preciso tornar
a velocidade no trânsito mais homogênea. "O acidente tem muito
mais correlação com tráfego onde
os carros têm velocidades distintas. Aí está o impacto do controlador de velocidade. Ele não só reduz a velocidade como deixa o
tráfego mais homogêneo", diz.
A pesquisa também analisou os
acidentes com pedestres. "Em
muitas cidades, em cada casa há
uma calçada diferente. É como se
houvesse um viés rodoviário,
mais preocupado em resolver o
problema do motorista e menos
preocupado com o pedestre", diz.
Ele cita como soluções a construção de passarelas, passagens iluminadas para pedestre, tratamento das calçadas e retirada de objetos que obstruem a caminhada.
A pesquisa também levantou
acidentes com pedestres que não
envolvem veículos, já que 30%
dos deslocamentos nas áreas urbanas são feitos a pé. São quedas
ocorridas em decorrência de um
defeito na calçada ou na via pública. Cada uma das quedas tem custo médio de R$ 2,5 mil.
Denatran
O presidente do Denatran, Ailton Brasiliense, disse que o órgão
pretende desenvolver mais pesquisas sobre acidentes, inclusive
em rodovias, para direcionar as
políticas públicas. Segundo ele, o
órgão não tem até hoje um banco
de dados unificado, que reúna informações sobre trânsito, acidentes e mortes. "Temos a proposta
de desenvolver algo nesse sentido.
Estamos montando projetos."
O Denatran, antes ligado ao Ministério da Justiça, passou neste
ano para a pasta das Cidades, criada na gestão Lula e chefiada pelo
ministro Olívio Dutra (PT-RS).
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