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Caminhoneiros reagem a restrição e param marginal
Em dez horas, 891 motoristas foram multados por desrespeitar nova proibição
Apesar de férias escolares, gestão Kassab comemora queda nos índices de congestionamento até as 15h; trânsito piora à tarde
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um protesto de caminhoneiros nas marginais Tietê e Pinheiros abafou os impactos do
primeiro dia de restrição ao
transporte de cargas em São
Paulo, bandeira do prefeito Gilberto Kassab (DEM) contra a
deterioração do trânsito.
A manifestação, articulada
por trabalhadores e patrões
afetados pelas novas limitações
às entregas na capital paulista
das 5h às 21h, contribuiu para
uma piora de até 20% do trânsito à tarde em relação às outras
segundas-feiras de junho.
O ato chegou a interromper
totalmente a passagem de veículos na pista expressa da marginal Tietê. Houve tumulto e
confronto com a PM quando
dois manifestantes se deitaram
na pista. Foram retirados a golpes de cassetete e empurrões.
Apesar dos transtornos, a
gestão Kassab comemorou
uma queda média de 40% nos
índices de congestionamento
da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) das 7h30 às
15h, na comparação com três
segundas-feiras de julho do ano
passado, e fez questão de atribuir os resultados à restrição
mais severa aos caminhões.
A redução, porém, é relativizada por técnicos de trânsito
devido ao início das férias escolares, que provocam uma diminuição média de 20% dos engarrafamentos -no período da
manhã, a diminuição chega a
beirar 70% em alguns horários,
conforme levantamento da Folha com dados de 2004 a 2006.
A nova restrição deixou confusos ontem comerciantes e
transportadores, inclusive de
outros Estados, que diziam
desconhecer a mudança.
No balanço da fiscalização
das 5h às 15h, a CET diz que
houve 891 multas, sendo 795
aplicadas por 501 agentes da
CET e 96 pelos da PM. A punição, no valor de R$ 85,13, pode
ser aplicada a cada duas horas.
O feirante Rogério di Sessa,
32, ficou parado em casa às 19h
porque não sabia se podia circular da zona leste ao mercadão, no centro. Só após quatro
tentativas conseguiu falar no
telefone 156. Mas a atendente
não soube lhe explicar. O jeito
foi esperar até as 21h para ter a
certeza de que não seria multado. "Nesse horário eu já devia
ter ido embora. Acordo cedo."
A gestão Kassab previa a saída de circulação de 85 mil dos
210 mil caminhões que circulam de dia, além de melhoria
próxima de 15% da fluidez.
Pela nova lei, os caminhões
não podem circular numa área
de 100 km2 das 5h às 21h. Entre
os afetados estão as entregas de
materiais de construção, eletrodomésticos e móveis. Há exceções, estimadas em até 10%,
como caminhões de mudança.
Até a última semana os caminhões de médio e de grande
porte já enfrentavam limitações numa área de 25 km2.
Desde ontem, além da ampliação do trecho de restrição,
veículos de carga com até 6,30
metros passaram a ser atingidos -por um rodízio de placas.
Protesto e tumulto
O protesto dos caminhoneiros ontem durou das 12h40 às
17h. Eles percorreram a pista
local da marginal Tietê, enfileirados, ocupando duas das três
faixas. Chegaram a parar por
duas horas a via, perto da ponte
Vila Guilherme (zona norte).
A intenção do grupo de 44 caminhões era chegar até a sede
da prefeitura, no centro -onde
encontrariam mais 50 caminhões, que partiram de outros
três pontos da cidade e percorreram a marginal Pinheiros.
Mas a PM impediu a carreata.
Com a via bloqueada, manifestantes encomendaram esfihas para recebê-las em plena
marginal Tietê engarrafada
-onde as comeram enquanto
negociavam com a polícia.
Oito carros da PM e 45 policiais escoltaram a manifestação, liderada pela Aster (Associação das Empresas de Terraplenagem) e pelo Sindicapro
(sindicato dos condutores em
transportes de cargas próprias), ligado à UGT (União Geral dos Trabalhadores).
O ato teve apoio do sindicato
dos empregados no comércio,
ligado à Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulinho (PDT) -que apóia a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Às 14h, o grupo foi impedido
pela PM de prosseguir. Transtornado, o presidente do Sindicapro, Almir Macedo, desceu
do carro de som e invadiu a via.
"Vou chegar na prefeitura, senão vamos parar São Paulo."
Dois manifestantes se deitaram na pista. Foram agredidos
pela polícia, e a via só foi liberada após o uso de spray de pimenta. "Não houve agressão.
Foi um procedimento normal
de liberação da via", disse o major Ricardo Fernandes, da PM.
(ALENCAR IZIDORO, RICARDO SANGIOVANNI, CINTHIA RODRIGUES, KLEBER TOMAZ, GIULLIANA BIANCONI)
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