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MARRIA GRAND (1923-2008)
A alma despida da joalheira de Niterói
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após meio século trabalhando todo dia na joalheria
com seu sobrenome, sempre
ao lado do marido, Marieta Grand tornou-se a "empresária que mostra a outra face", nas palavras da colunista
social de Niterói que comentava o lançamento de suas
poesias em "Alma Despida".
Nome corriqueiro na vida
social da cidade, Marieta gostava de estar com as amigas
nos teatros e vernissages,
sempre com poucas jóias, diz
o filho, ainda que pudesse ter
as que quisesse. Mas em
2000 a joalheira do Icaraí virou sensação -era verdade
então que a dona da loja de
400 m2 tornara-se poeta.
Marieta nascera no Rio e
cedo veio para Niterói, onde,
em 1951, abriu no centro a
joalheria com o marido. Só
40 anos depois mudou de
bairro; mas não de cidade.
E nascera Marria. O pai,
russo, foi ao cartório, disse o
nome e aceitou a versão do
escrivão. Mas para os dois filhos, quatro netos, três bisnetos, clientes da loja e leitores era Marieta.
E ela continuou "tecendo
versos para serem lidos à luz
de um abajur, com música
suave ao fundo, bem baixinho", segundo o amigo que
assinou a orelha do segundo
livro, "A Palavra Vestida".
Chovia no Clube Central
de Niterói quando ela fez a
sessão de autógrafos, rindo-se, ano passado. Ouvira que
"não se lê Marieta Grand impunemente, sem reflexões".
Mas sua "costura de afetos e
perplexidades" parou na segunda obra. Marieta morreu
de infarto aos 85, na quinta,
deixando, diz o filho, "muita
coisa ainda não publicada".
obituario@folhasp.com.br
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