São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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MARRIA GRAND (1923-2008)

A alma despida da joalheira de Niterói

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após meio século trabalhando todo dia na joalheria com seu sobrenome, sempre ao lado do marido, Marieta Grand tornou-se a "empresária que mostra a outra face", nas palavras da colunista social de Niterói que comentava o lançamento de suas poesias em "Alma Despida".
Nome corriqueiro na vida social da cidade, Marieta gostava de estar com as amigas nos teatros e vernissages, sempre com poucas jóias, diz o filho, ainda que pudesse ter as que quisesse. Mas em 2000 a joalheira do Icaraí virou sensação -era verdade então que a dona da loja de 400 m2 tornara-se poeta.
Marieta nascera no Rio e cedo veio para Niterói, onde, em 1951, abriu no centro a joalheria com o marido. Só 40 anos depois mudou de bairro; mas não de cidade.
E nascera Marria. O pai, russo, foi ao cartório, disse o nome e aceitou a versão do escrivão. Mas para os dois filhos, quatro netos, três bisnetos, clientes da loja e leitores era Marieta.
E ela continuou "tecendo versos para serem lidos à luz de um abajur, com música suave ao fundo, bem baixinho", segundo o amigo que assinou a orelha do segundo livro, "A Palavra Vestida".
Chovia no Clube Central de Niterói quando ela fez a sessão de autógrafos, rindo-se, ano passado. Ouvira que "não se lê Marieta Grand impunemente, sem reflexões". Mas sua "costura de afetos e perplexidades" parou na segunda obra. Marieta morreu de infarto aos 85, na quinta, deixando, diz o filho, "muita coisa ainda não publicada".


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