|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Projeto prevê mais 180 mil pessoas no bairro
Área visada equivale a mais de mil campos de futebol, entre a Vila Leopoldina e o Jaguaré, ao lado da marginal Pinheiros
Região abriga galpões, casas e futuramente contará com a área do Ceagesp, que deve ser transferido para as proximidades do Rodoanel
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Prefeitura de São Paulo
pretende quase quintuplicar a
população de uma faixa de 10
milhões de metros quadrados
(mais de mil campos de futebol) entre a Vila Leopoldina e o
Jaguaré, ao lado da marginal
Pinheiros, na zona oeste da cidade. O projeto ainda depende
de aprovação da Câmara.
É uma região privilegiada pela localização e cobiçada pelo
mercado imobiliário. Fica entre a Cidade Universitária da
USP, o parque Villa-Lobos e as
marginais Tietê e Pinheiros,
duas das principais artérias viárias de São Paulo.
Hoje com 50 mil habitantes,
a área prevista na Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré
deve chegar a 230 mil pessoas,
segundo estimativa feita no
projeto elaborado pela Secretaria do Planejamento.
Os 180 mil moradores a mais
representam uma atração à região de população equivalente à
da cidade de Itu, que tinha 157
mil habitantes em 2007, segundo o IBGE.
Com ou sem a operação urbana, a Vila Leopoldina está em
plena expansão imobiliária. As
principais vias do bairro, a rua
Carlos Weber e a avenida Imperatriz Leopoldina, sofreram
com congestionamentos devido à construção de prédios de,
em média, 20 andares.
A prefeitura pretende incentivar o aumento da ocupação da
área através da emissão de Cepacs (Certificados de Potencial
Adicional de Construção). Ao
comprar um Cepac, a empresa
pode construir no terreno mais
do que permite a lei de zoneamento, tornando o empreendimento mais rentável.
No zoneamento atual, a região poderia abrigar mais cerca
de 1 milhão de metros quadrados de áreas construídas, segundo o assessor técnico de
Operações Urbanas da secretaria, José Geraldo Martins de
Oliveira. Com os Cepacs, poderão ser adicionados 3 milhões
de metros quadrados.
"O crescimento que já existe
nos leva a apressar a operação,
para que ele não seja desordenado", afirma Oliveira.
Poucos quarteirões depois da
Carlos Weber, perto da estação
Imperatriz Leopoldina da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), ainda
prevalecem os galpões e as casas com portões de grade.
Uma pequena favela sobre
um córrego foi removida nesta
semana pela Subprefeitura da
Lapa. Não era a única. Famílias
que vivem de sobras das empresas e da Ceagesp encontram
às margens dos córregos um lugar para levantar barracos.
Aval
O caminho burocrático para
dar início ao plano avançou em
julho, quando a Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente deu
aval para que a do Planejamento contratasse o estudo de impacto ambiental da operação,
após uma série de idas e vindas.
Esse estudo vai orientar mudanças pontuais no texto da
minuta do projeto de lei da operação, que está quase pronto.
Depois, será enviado à Câmara
Municipal de São Paulo.
A área que sofrerá a intervenção já foi uma zona industrial e
ainda abriga o Ceagesp, que deve ser transferido para as proximidades do Rodoanel.
O projeto inclui a construção
de conjuntos habitacionais nos
700 mil metros quadrados da
Ceagesp, com prédios baixos.
Como a fase da industrialização deixou como herança grandes áreas livres, a Vila Leopoldina tinha em 2000 densidade
demográfica de 37,32 habitantes por km2 contra a média de
69,15 em toda a cidade. No Jaguaré, o índice era de 64,3.
Em razão dos vazios urbanos
do setor, o projeto do arquiteto
Marcelo Bernardini prevê a
abertura de ruas entre os grandes terrenos. Contempla ainda
a construção de pontes sobre o
rio Pinheiros e de uma avenida
paralela à marginal Tietê.
Essas obras, segundo prevê o
plano, serão financiadas com a
venda dos Cepacs da operação
urbana, cuja receita é estimada
em R$ 480 milhões.
A geógrafa Ros Mari Zenha,
que integra o Cades (Conselho
Municipal do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável), cobrou em reunião do órgão, que tem poder de decisão,
um maior detalhamento das
intenções da prefeitura.
Zenha diz temer um excesso
de adensamento de população,
o que afetará tanto o trânsito
na região como questões ambientais.
"O cuidado ali deve ser redobrado. É uma área de várzea
dos dois rios, com afloramento
de água. E que já enfrenta problemas de trânsito", diz ela,
que representa o Defenda São
Paulo no Cades.
Texto Anterior: Sucessão: Mineradora canadense herda a Icomi, que criou Serra do Navio Próximo Texto: Saiba mais: Prefeitura quer vender títulos para incentivar obras Índice
|