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10 Estados dizem que piso de professor custará R$ 5,9 bi
Secretários estaduais se reuniram ontem em Porto Alegre para discutir os impactos da lei que define piso de R$ 950
Estados se mobilizam para modificar a regra, que passa a valer em 2010; conselho de secretários estima gastos de R$ 10 bilhões no país todo
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A lei que institui o novo piso
salarial dos professores trará
um impacto de R$ 5,9 bilhões
ao Orçamento de dez Estados e
irá aumentar em até 40% a despesa com pessoal das secretarias de Educação, segundo dados dos Estados, que se mobilizam para modificar a regra.
Sancionada em julho pelo
presidente Lula, ela prevê que
todos os professores da educação básica (creche a ensino médio) ganhem ao menos R$ 950
mensais por jornada semanal
de 40 horas a partir de 2010.
Ela estabelece ainda que eles
terão de dedicar ao menos 33%
da jornada a atividades extraclasse, como correção de provas -hoje, a proporção é de
20% a 25%. Com a mudança, os
dez Estados prevêem que será
necessário contratar, ao menos, cerca de 125 mil professores. Os dados foram divulgados
ontem pelo Consed (Conselho
Nacional de Secretários de
Educação), em seminário em
Porto Alegre.
Os Estados que disseram que
sofrerão impacto do piso foram
Bahia, Maranhão, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Paraíba,
Paraná, Rio Grande do Sul,
Rondônia, São Paulo e Tocantins. Alagoas, Mato Grosso e
Roraima disseram que a lei não
trará alterações no Orçamento
e no quadro de professores. O
Ceará forneceu dados incompletos, e as outras unidades da
federação ainda não se manifestaram. Se eles fossem contabilizados, o Consed prevê que o
impacto financeiro subiria para
R$ 10 bilhões.
"Se implementássemos a
partir de agora essa nova carga
horária [aulas extraclasse],
nem toda a complementação
que a União passa através do
Fundeb [fundo para a educação
básica] daria para suprir o déficit com pessoal", diz Maria Auxiliadora Rezende, presidente
do Consed e secretária de Educação do Tocantins. A complementação ao Fundeb será de
R$ 6 bilhões em 2010, mas só
chega aos Estados mais pobres.
Governado pela tucana Yeda
Crusius, o Rio Grande do Sul
será o mais afetado pela lei entre os citados pelo estudo. Segundo a secretaria estadual, haverá um aumento de 40% dos
gastos do órgão com pessoal devido às despesas adicionais de
R$ 1,6 bilhão. "Se isso [a lei]
prosperar, joga por terra todo o
esforço do ajuste fiscal que o
Rio Grande do Sul está fazendo", diz a secretária de Educação, Mariza Abreu.
Vanessa Guimarães Pinto, titular da pasta de Minas Gerais,
contesta a constitucionalidade
da lei. "A idéia de remuneração
inicial de R$ 950 é uma ingerência da União nos planos de
cargos e carreiras dos Estados."
Governado pelo tucano Aécio
Neves, o Estado declarou despesas adicionais de R$ 1,9 bilhão com o novo piso.
Em São Paulo, o piso trará
um impacto de R$ 1,4 bilhão no
ano que vem e de R$ 2 bilhões
em 2010.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou via assessoria de imprensa que só se
pronunciará sobre eventuais
mudanças na lei após receber
oficialmente os dados.
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