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AROLDO FORDE (1930-2008)
Ainda ecoa na Ilha: "Segura a marimba"
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pessoal da União da Ilha
do Governador estava já
acostumado, pois fazia mais
de dez anos que Aroldo Melodia entrava na avenida de
cadeira de rodas, feliz da vida, orgulhando-se de nunca
ter deixado de desfilar. Não
desistiria nunca, dizia, nem
da escola, nem do Carnaval.
Título de campeã a escola
nunca teve. Mas ficou uma
vez em terceiro lugar do grupo especial em 1977, com um
enredo sobre o lazer no fim
de semana, "Domingo", que
serviu como troféu. No gogó,
Aroldo Melodia. "Melodia
era o forte dele", diz o filho.
"E era um verdadeiro boêmio, aquele cara!"
Filho de uma doméstica e
um estivador, nasceu e cresceu na Ilha do Governador,
brincando de pipa no morro
do Boogie Woogie. "Nunca
pensei em ser sambista",
chegou a dizer. Mas acabou
virando "crooner" da "azul,
vermelho e branco", cantor
conhecido pelo grito "Segura
a Marimba!", dito como uma
quase mandinga antes de a
escola entrar na avenida.
Fora da quadra foi funcionário da prefeitura; começou
como pintor e se aposentou
como escriturário. Foi com
esse dinheiro, dizia, que sustentou sete filhos, hoje seis
-Aroldão morreu atropelado na porta da agremiação.
Tinha ainda 15 netos e três
bisnetos, "uma galera, toda
presente no velório"; foi ontem que morreu de falência
múltipla dos órgãos, aos 78.
No canto do filho, hoje intérprete, o hino de preparo da
escola, criado pelo pai: "Se
um dia, ôôô, eu deixar de desfilar, papai do céu, pela União
da Ilha, eu vou chorar".
obituario@folhasp.com.br
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