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ANTONIO BARTOLOMEU CABRAL (1960-2008)
O gol, e que gol, do rádio do Maranhão
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi uma partida em que a
bola rolou preguiçosa, desgostosa até com um ou outro
passe, mas os dez segundos
de gol arrastados na voz de
Deny Cabral fizeram aquele
Bacabal e Palmas pela série C
do Campeonato Brasileiro
despontar no gogó. "E que
gol, e que gol, e que goool."
Quem ligasse na rádio Mirante do Maranhão ouviria
aquela voz detalhando notícias de morte, comentando a
política local e narrando jogos de futebol, sua seara preferida. Verdade que a lábia e
o ritmo recendiam aos programas de domingo de Fausto Silva (que ele, aliás, não
perdia). Difícil era imaginar,
de ouvido, a calva perfeita
que brilhava ao sol e os óculos sobre o nariz redondo.
Antonio Bartolomeu Cabral nasceu em Pinheiro
(MA), filho de um comerciante pobre e uma professora idem. Foi pescador, ajudante de pedreiro e vendedor de picolés, até começar
no rádio, tinha lá seus 15
anos -e não parou mais.
Em São Luís começou na
locução de anúncios, depois
notícias, virou repórter, comentarista e apresentador.
Após 32 anos consecutivos,
era o Deny da voz dos jogos
mais excitantes da série C.
Fã de Roberto Carlos (e de
Padre Zezinho), ouvia-os em
casa, com a mulher e os dois
filhos, resignados todos com
as 16 horas diárias de trabalho de Cabral. Como no dia
da tal locução do Bacabal e
Palmas, quando passou mal.
Foi de férias para a praia,
piorou e descobriu a leucemia. Morreu quinta, aos 47.
obituario@folhasp.com.br
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