|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Metodologia do novo índice é favorável às cidades paulistas
Cálculo da Firjan leva em conta indicadores de educação, como o exame do Ideb e o percentual de professores com ensino superior
Já o IDH municipal considera, por exemplo, analfabetismo e taxas de matrícula; por esse indicador, cidades da região sul têm maior destaque
DA SUCURSAL DO RIO
A comparação com os resultados do IDH dos municípios
para o ano 2000 mostra que a
metodologia de cálculo do novo
índice da Firjan é bastante favorável às cidades paulistas.
O IDH municipal foi elaborado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento com base nos censos do IBGE. Por isso, o último dado disponível é o de 2000. Como a
Firjan fez um cálculo retroativo para 2000, é possível confrontar os dois índices.
Ambos trabalham com as
mesmas dimensões (educação,
saúde e renda), mas com indicadores diferentes.
Pelo IDH, os municípios que
mais se destacavam na lista dos
cem mais desenvolvidos eram
da região Sul, especialmente do
Rio Grande do Sul (33 cidades
entre as melhores) e Santa Catarina (27 cidades).
São Paulo era o terceiro com
mais municípios entre os melhores: 25. Já pela Firjan, o domínio paulista é incontestável,
com 78 cidades entre as cem
melhores em 2000.
Em educação, entram no cálculo da Firjan o percentual de
docentes com nível superior, a
média de horas de aula diárias,
a taxa de distorção idade-série
e os resultados do Ideb (índice
de qualidade do MEC).
Já no caso do IDH, a base para o índice de educação são as
taxas de analfabetismo e de
matrícula -em que SP tem desempenho próximo ao de outros Estados desenvolvidos.
"O IDH foi elaborado para
comparar países. No caso brasileiro, nosso entendimento foi o
de que, para a educação, o principal desafio é a qualidade, já
que a freqüência à escola no ensino fundamental está quase
universalizada", diz Patrick
Carvalho, chefe da divisão de
estudos econômicos da Firjan.
No caso da saúde, o órgão usa
dados anuais do Ministério da
Saúde -como número de consultas de pré-natal, óbitos por
causas mal definidas e óbitos
infantis por causas evitáveis.
No IDH, essa dimensão é
pesquisada pela expectativa de
vida, que, para os municípios,
só pode ser calculada em todas
as cidades em anos de censo.
Para o economista Marcelo
Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Estatísticas
Econômicas e Sociais das Relações Raciais -e que já fez diversos estudos a partir do IDH-,
isso também ajuda a explicar
por que os municípios do Sul se
saem melhor no IDH. A longevidade é um diferencial dessas
cidades no ranking, disse.
Por último, no quesito renda,
o IDH utiliza dados da renda
per capita, que incluem a renda
do trabalho informal e de outras fontes. Já na Firjan, a renda é pesquisada pelo número
de empregos formais e pelos salários desse setor. O trabalho
informal, portanto, fica de fora.
"Para atualizar anualmente o
índice, tivemos que trabalhar
com os dados do Ministério do
Trabalho. Porém, mesmo que
captassem também o informal,
discutiríamos se valeria a pena
incluir, já que o desenvolvimento que queremos é baseado
no setor formal", diz Carvalho.
Para Paixão, o mais interessante do indicador da Firjan é a
chance de acompanhar a evolução anual. Ele diz, no entanto,
que o índice, como qualquer
outro, está sujeito a limitações.
No caso de renda e emprego,
ele lembra que os dados do Ministério do Trabalho deixam de
fora não só o trabalho informal,
mas outras formas de ocupação
não necessariamente ruins, como a de empregadores ou profissionais liberais.
Já no caso das estatísticas do
Ministério da Saúde, Paixão
afirma que é preciso considerar
que há um percentual significativo de subnotificações em algumas regiões. "Isso não invalida a proposta e os resultados
gerados. Apenas os pondera."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Foco: Emprego e educação colocam Indaiatuba em 1ª no ranking de cidades desenvolvidas Índice
|