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Após confissão, juiz manda soltar os jovens
Delegado que ouviu depoimento de maníaco sobre morte de Vanessa diz ter certeza de que os três rapazes presos são inocentes
Na época em que os três foram presos, a polícia disse que ex-namorado da menina confessou o crime de forma espontânea
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, do Tribunal do Júri
de Guarulhos, determinou na
noite de ontem que Renato
Correia de Brito, 24, William
César de Brito Silva, 28, e Wagner Conceição da Silva, 25, sejam soltos ainda hoje.
Em seu despacho, o juiz considerou os detalhes do assassinato de Vanessa Batista de
Freitas apresentados por Leandro Basílio Rodrigues, o "maníaco de Guarulhos". Um deles
foi o fato de que a vítima teve o
corpo coberto por um véu carregado por ela em sua bolsa.
Outros detalhes dados por
Rodrigues ao delegado Jackson
Cesar Batista, como a posição
em que o corpo da vítima estava, o matagal onde ela foi atacada e a roupa (saia e bota) usadas
por Vanessa também foram
considerados para libertá-los.
Rodrigues levou os policiais
ao local do crime na noite da última sexta-feira, dia 29, para
narrar todos os detalhes. Disse
também ter roubado o celular
de Vanessa e tê-lo trocado por
15 pedras de crack.
No exame necroscópico feito
à época do crime, a perícia
constatou que um objeto foi introduzido em Vanessa. Rodrigues, em alguns dos casos de
violência sexual que confessou
à polícia, disse que as violentava, por exemplo, com um pedaço de madeira.
Inocentemente
A partir desses detalhes, o
delegado Batista escreveu um
ofício (n.º 1.192/08) e afirmou:
"Renato Correia de Brito, William César de Brito e Wagner
Conceição da Silva estão presos
no CDP [Centro de Detenção
Provisória] 1 de Guarulhos e,
conforme se verifica do próprio
interrogatório de Leandro [o
"maníaco de Guarulhos'], estão
presos inocentemente". A palavra inocentemente aparece em
letras maiúsculas no ofício.
À época das prisões de Renato, de seu primo William e de
Wagner, a polícia divulgou que
Vanessa havia sido morta porque seu ex-companheiro (Renato) não queria que ela o acionasse judicialmente e, para isso, teria contratado os outros
dois para "dar um susto" nela.
Ao chegarem no CDP 1 de
Guarulhos, os três tiveram de
prestar esclarecimentos aos
outros presos sobre as acusações que pesavam contra eles.
Como os detentos não toleram
violência sexual, os rapazes receberam um prazo para provar
que haviam sido presos mediante tortura de policiais civis
e militares. Passado o prazo, os
outros presos os consideraram
inocentes e, por isso, eles não
sofreram represálias na cadeia.
As torturas
No boletim de ocorrência n.º
9.456/06, do 1º Distrito Policial
de Guarulhos, o delegado Paulo
Roberto Poli Martins escreveu
que Renato confessou o crime
"espontânea e voluntariamente" aos policiais militares que o
prenderam em sua casa, ainda
na manhã em que o corpo de
Vanessa fora encontrado, e
também que ele teria tentado
suborná-los com R$ 20 mil.
Assim como disse à Justiça
várias vezes, Renato, o primeiro a ser preso na manhã em que
o corpo de Vanessa foi achado,
afirma ter sido levado para um
matagal na estrada do Cabuçu e
ter sido torturado por policiais
militares para confessar o crime. Além de espancamentos,
Renato diz que os PMs também
jogaram gás de pimenta em
seus olhos.
De acordo com o promotor
Marcelo Alexandre de Oliveira,
os PMs Ezequiel Ramos da
Motta e Richardson Alves de
Alcântara são investigados por
suspeita de terem torturado
Renato, preso às 10h e só apresentado ao delegado Martins
por volta das 16h30. O segundo
a ser preso foi William e, por último, Wagner.
Os três relataram à Justiça
que também foram torturados
diversas vezes, inclusive com
aplicação de choques com uma
máquina de manivela e com a
colocação de sacos plásticos em
suas cabeças para sufocamento, dentro do 1º DP. O delegado
que fez a prisão do trio e outros
policiais civis também são investigados pela tortura.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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