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SAÚDE
Fisioterapia e acupuntura podem ajudar a resolver problema como o que atinge o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Síndrome do impacto causa dor no ombro
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sofre de uma "síndrome
do impacto", agravada de tanto
acenar para a multidão e abraçar
pessoas. Essa dor no ombro, no
entanto, não costuma escolher
profissões, sexo ou classe social
das vítimas.
Segundo médicos, a síndrome
do impacto está entre as razões
mais frequentes de procura a um
ortopedista e costuma ser a causa
de 90% das dores no ombro.
A síndrome é caracterizada pelo
desgaste do manguito rotador,
um conjunto de tendões (tecidos
que ligam os músculos aos ossos)
que cobrem o ombro. Segundo o
chefe do grupo de ombro e cotovelo da Universidade Federal de
São Paulo, Eduardo Carrera, a degeneração está associada principalmente ao envelhecimento.
O problema costuma começar
por volta dos 40 anos. Um dos
principais sintomas é a limitação
dos movimentos -o paciente
não consegue abotoar roupas,
pentear os cabelos. Pode haver
rompimento de tendões.
O movimento repetitivo de levantar os braços, por exemplo,
também está associado ao problema. Acaba criando um esporão
no osso do ombro (acrômio) que,
por sua vez, vai ferir os tendões.
Isso acontece porque há um desequilíbrio dos grupos musculares. Nas atividades repetitivas, um
grupo muscular acaba "trabalhando" mais do que o outro, explica o ortopedista Akira Ishida,
51, professor da Unifesp. Alongamento e exercícios ajudam a prevenir lesões, diz Caio Moreira,
presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Bursite e diagnóstico
Segundo Ishida, a síndrome do
impacto é a causa de 90% dos casos de bursite, inflamação da bolsa que fica na articulação do ombro e "amortece" os movimentos.
Nos dois casos, o diagnóstico é
feito por meio de histórico clínico
e exame físico, radiografia, ultra-som ou ressonância magnética. O
tratamento conservador consiste
em fisioterapia e no uso de antiinflamatórios, ou mesmo no emprego de acupuntura para a dor.
"Se com esses recursos a dor
persistir, a opção seguinte será
uma cirurgia", diz Sergio Checchia, ortopedista, professor da
Santa Casa e especialista em cirurgia do ombro. É Checchia quem
está cuidando do ombro de Lula.
"Por enquanto, o presidente está
fazendo fisioterapia", informou.
Para os pacientes que precisam
de cirurgia, é feita uma videoartroscopia, pequenos orifícios na
pele por onde passam câmara e
bisturis. É o caso da professora
aposentada Maria Cecília Chehouan José, 65, de Socorro, na região de Campinas (SP). Ela lecionava a disciplina de desenho e,
durante 30 anos, levantava, durante as aulas, pesados esquadros
de madeira. Em julho, começou a
sentir dores no ombro direito.
"Meus braços não obedeciam a
cabeça. Ia pegar água, deixava a
vasilha cair. Ia abrir a torneira e
não conseguia", relata.
O primeiro diagnóstico médico
foi de bursite. "Tomava analgésicos, fazia fisioterapia, hidroginástica, e a dor só piorava", conta a
aposentada. Em outubro, decidiu
mudar de médico e descobriu que
a dor era causada pela síndrome.
No mesmo mês ela fez a videoartroscopia e as dores acabaram.
A cirurgia consiste no corte de
um pedaço do osso para que não
volte a machucar os tendões ou na
reparação destes, se houver ruptura. De acordo com Akira Ishida,
a cirurgia com abertura do ombro
é feita em "pouquíssimos" casos,
apenas quando o paciente não
responde aos tratamentos.
Segundo a fisioterapeuta Regina
Torres Freire, 31, o tipo de tratamento fisioterápico e a sua duração vão depender da idade do paciente e do diagnóstico. Muitas
vezes, afirma Freire, a inflamação
tem repercussão em outras partes
do corpo, como as costas.
Freire diz que, para aliviar a dor,
a pessoa cria compensações no
corpo, sobrecarregando outras
regiões. Por isso, é fundamental
uma avaliação de toda a cervical.
O ortopedista Akira Ishida diz
que o tratamento com fisioterapia
e analgesia costuma durar três
meses. Se o paciente não sentir
mais dor, estará curado. Mas deve
continuar os exercícios e ficar
atento para não praticar atividades que desequilibrem a musculatura do ombro.
(CLÁUDIA COLLUCCI, FABIANE LEITE E AURELIANO BIANCARELLI)
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