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Moradores de São Carlos acusam PMs de agressão e ameaças
Ouvidoria das policias e Corregedoria da Polícia Militar abriram investigações
ROBERTO MADUREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A Ouvidoria das polícias de
São Paulo e a Corregedoria da
Polícia Militar abriram investigação para apurar acusações de
abuso de autoridade e maus-tratos a moradores de São Carlos (231 km de São Paulo).
A decisão aconteceu após
cerca de 200 moradores de
bairros da periferia terem participado de uma audiência convocada pela Ouvidoria na Câmara Municipal para discutir a
violência policial, no dia 24 do
mês passado.
Segundo a Ouvidoria, moradores de cinco bairros relataram clima de tensão com a PM.
Ontem, a Folha esteve no
Jardim Gonzaga, um dos bairros, e ouviu mais de dez famílias relatarem casos de parentes que foram espancados ou
sofreram abusos desde junho.
Durante as entrevistas, realizadas por cerca de uma hora no
estabelecimento comercial da
mãe de uma das supostas vítimas, três carros da polícia passaram, em velocidade baixa,
por dez vezes.
Ameaças
Os moradores afirmam que,
após a audiência na Câmara,
policiais visitaram os bairros e
ameaçaram algumas famílias.
"Só de ficar aqui já estou com
medo. Eles vêm atrás mesmo",
afirmou a mãe de um menino
que relatou ter sido agredido e
estrangulado por policiais após
jogar pedras em uma vidraça.
A audiência foi convocada
após uma denúncia da vereadora Silvana Donatti (PT) sobre o
comportamento estranho de
alguns policiais militares numa
operação.
De acordo com suas informações, três homens foram presos
aparentemente sem motivos,
mas, em vez de serem levados à
delegacia de Itirapina (211 km
de São Paulo), o carro da PM
com os prisioneiros entrou numa vicinal e depois no mato.
A vereadora seguiu o carro.
"Quando cheguei e me apresentei, eles já estavam fortemente armados e do lado de fora do carro", disse.
Segundo Donatti, após sua
intervenção, os homens foram
levados à delegacia, que estava
fechada.
Drogas
"Eles [PMs] usaram drogas o
caminho inteiro. Não falaram
nada, mas achei que fosse o
fim", afirmou um dos homens
-solto depois, sem nenhuma
acusação formal.
O ouvidor Júlio César Neves
disse ter saído da audiência estarrecido.
"Há um ambiente tenso entre a sociedade e a polícia em
São Carlos. É uma preocupação
para a Ouvidoria. Nós temos
um trabalho afinado com a
Corregedoria da PM. O objetivo é melhorar a qualidade do
policiamento e que os policiais
não cometam excesso", declarou Neves.
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