|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Estudo mostra que risco de doenças coronarianas cresce entre os homens que apresentam disfunção erétil
Impotência pode indicar problema cardíaco
DA REPORTAGEM LOCAL
Dificuldades constantes de ereção podem ser um indicativo de
doenças do coração, um problema ainda mais grave que pode
acabar até em infarto.
Um estudo apresentado no último Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Salvador (BA), quantificou melhor a relação entre esses dois problemas.
O grau de disfunção erétil foi dividido em três níveis: leve, quando acontece ocasionalmente, moderada, em que a falha ocorre frequentemente, e completa, quando o homem "broxa" quase sempre ou sempre.
Uma coisa não causa a outra,
mas, entre homens que têm disfunção leve, o risco de doenças coronarianas é superior ao dobro do
que entre os que não falham. A
probabilidade de ocorrer doença
coronariana passa de 2,9% entre
os que não têm falhas para 6,5%
nos homens com disfunção leve.
A ameaça aumenta à medida
que o grau de disfunção piora.
Nos pacientes em que a falha
ocorre quase sempre, um em cada
cinco também têm doenças coronarianas -obstrução dos vasos
do coração que pode resultar em
infarto. Isso significa uma incidência quase sete vezes maior.
A relação entre disfunção erétil
e problemas do coração é importante porque algumas vezes o primeiro sinal da doença coronariana é justamente o infarto. Com isso, se os médicos prestarem atenção à conexão entre os dois problemas, futuras complicações podem vir a ser evitadas.
É isso o que explica Edson
Duarte Moreira Jr., pesquisador
da Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz) na Bahia e um dos coordenadores do estudo. "O estudo sugere que a disfunção erétil pode
ser uma "manifestação-sentinela",
um aviso", afirma. "O problema
da doença coronariana é que
muitas vezes ela é assintomática,
o primeiro sintoma às vezes é um
infarto", completa.
De acordo com o pesquisador
da Fiocruz na Bahia, "por trás do
infarto e da disfunção erétil temos
o mesmo problema, que é a obstrução do vaso [sanguíneo]".
O estudo, chamado de Avaliar, é
financiado pelo laboratório Pfizer, que produz o Viagra, a droga
que detém 68% do mercado no
tratamento de disfunção erétil e
recentemente ganhou novos concorrentes. No ano passado, a empresa faturou US$ 62 milhões no
Brasil. No mundo, o faturamento
em 2002 foi de US$ 1,7 bilhão.
A pesquisa
No total, 4.300 médicos de várias especializações fizeram mais
de 71 mil entrevistas com pacientes homens em seus consultórios
para chegar a esses resultados. O
projeto foi realizado em nove cidades, entre elas sete capitais.
De acordo com uma outra pesquisa, realizada em 2001, 46,2%
dos homens do Brasil apresentam
algum tipo de problema de ereção. Mas 12,1% têm disfunção
moderada, e 2,6%, completa.
No final de maio de 2003, já havia sido divulgada uma primeira
parte do projeto Avaliar, que
mostrou que apenas 36% dos médicos perguntam frequentemente
ou sempre sobre a saúde sexual de
seus pacientes. Agora, com a confirmação de que a disfunção erétil
é um importante sinalizador de
problemas cardíacos, esse dado
ganha um novo sentido.
Como bem mostrou a pesquisa,
os assuntos da cama têm relação
direta com os do coração.
Texto Anterior: Ambiente: No AM, peixe ornamental é esperança e ameaça Próximo Texto: Falha também pode ser sinal de diabetes Índice
|