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Em MG, exército faz patrulhamento
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tropas do Exército realizaram
ontem o primeiro dia de patrulhamento nas ruas de Belo Horizonte, após o início da greve de
policiais militares e civis no Estado. Munidos de fuzis e com os
rostos pintados, os soldados começaram, a partir da 1h de ontem,
a ocupar vários pontos da cidade.
O emprego das Forças Armadas
em Minas foi anunciado na noite
de anteontem, após as negociações por aumento salarial entre as
entidades de classe -que querem
um reajuste de 54%- e o governo estadual -que ofereceu 6%-
terminarem em impasse.
O efetivo utilizado na operação
não foi divulgado pelo Exército,
sob a justificativa de que o número estava variando "de acordo
com a evolução da situação".
Segundo o tenente-coronel
Sylvio Cardoso, porta-voz da instituição na capital mineira, tropas
foram deslocadas para Belo Horizonte de Montes Claros, Juiz de
Fora, São João del Rei, Santos Dumont e Sete Lagoas.
Segundo o tenente-coronel, não
havia movimentação de tropas
nas ruas do interior, já que a paralisação das polícias ainda estava
restrita à capital. "A situação no
interior é de tranqüilidade."
Até o início da tarde de ontem, o
clima era de normalidade nas
ruas de Belo Horizonte. O único
incidente em que houve atuação
do Exército foi um caso de tentativa de furto no centro da cidade.
Como as delegacias da Polícia
Civil estavam fechadas, foi montado um cartório dentro da 4ª
Companhia de Polícia do Exército, para onde detidos seriam encaminhados. O cartório, segundo
o porta-voz do Exército, funcionará como delegacia, com delegado, escrivão e perito. O suspeito
detido no centro de Belo Horizonte ficou preso na companhia.
Ainda não há dados oficiais sobre o percentual de paralisação
das polícias no Estado. Nas unidades da PM visitadas pela reportagem da Agência Folha na manhã
de ontem, os policiais de plantão
atendiam apenas ocorrências graves, como homicídios e roubos.
No posto da PM na entrada da
favela Morro das Pedras, região
oeste de Belo Horizonte, dois policiais militares trabalhavam normalmente. Já no Morro do Papagaio, na região centro-sul, o posto
da PM estava vazio.
Delegacias da Polícia Civil não
abriram ontem em Belo Horizonte. Segundo o sindicato dos policiais civis, a greve já prejudicava
serviços essenciais, como remoção de corpos. O Corpo de Bombeiros e os agentes penitenciários
trabalharam normalmente.
"Inconveniente"
O ministro José Viegas (Defesa)
rotulou ontem de "inconveniente", mas "necessário", o uso das
Forças Armadas para tentar assegurar a segurança da população
durante a greve em Minas.
Afirmou ainda que não é "adequado" usar, por um período
prolongado, soldados não-treinados em ações de reforço ou substituição a corporações policiais.
Entre 1.000 e 1.500 soldados, segundo o ministro, estão nas ruas
de Belo Horizonte desde o início
da madrugada de ontem, após
acordo formal assinado entre o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Estado, Aécio Neves (PSDB).
Segundo Viegas, a negociação
para o envio de tropas vinha sendo realizada desde o princípio da
semana passada, dada a iminência da paralisação.
Por enquanto, segundo Viegas,
está descartado o uso de helicópteros e blindados na ação -como
ocorrera, por exemplo, na greve
dos policiais baianos, em 2001.
"Estamos de sobreaviso."
Segundo o ministro, as Forças
Armadas têm estudado uma forma para a criação no país de um
contingente treinado justamente
para atuar em situações de emergência, como no caso de Minas.
"Isso para que possamos nos
deslocar com rapidez e que todos
tenham um treinamento policial
adequado", disse Viegas, que defendeu recentemente a idéia de o
governo federal criar uma força
federal que possa atuar em todos
os Estados, inclusive em ações ostensivas e de segurança pública.
"O que há sempre é um inconveniente, e continua a parecer um
inconveniente, é a utilização de
soldados não-treinados para operações policiais em ações de patrulhamento urbano, porque se
produz uma disfunção numa situação cujo prolongamento pode
ser de pouca valia para a segurança da população."
Em seguida, Viegas disse que a
ação em Minas é "necessária".
"Evidentemente que numa situação de emergência como essa nós
usamos o que temos."
(THIAGO GUIMARÃES E EDUARDO SCOLESE)
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