São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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86% dos moradores de SP e do Rio aprovam a lei seca

A reprovação à restrição foi apontada por 11% em São Paulo e 12% no Rio; a nova regra entrou em vigor em 20 de junho

A aprovação é maior entre os que não bebem (91%) do que entre os que declaram beber de vez em quando (79%), aponta Datafolha

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos moradores de São Paulo e do Rio aprova a lei que proíbe os motoristas de dirigir depois de beber. Em São Paulo e no Rio, o índice de aprovação é o mesmo: 86%. Dizem-se contra a lei, em São Paulo, 11%; no Rio, 12%. São indiferentes 2% em cada cidade.
A chamada lei seca, que entrou em vigor em 20 de junho, prevê limite de dois decigramas de álcool por litro de sangue (ou 0,3 mg de álcool por litro de ar expelido no bafômetro). Isso equivale a 1 copo de chope.
Acima disso, o motorista é multado em R$ 955, recebe sete pontos na carteira, perde o direito de dirigir por um ano e o carro é apreendido. A partir de seis decigramas (ou 0,3 mg/l, no caso do bafômetro, o equivalente a dois copos de chope), a infração passa a ser crime, e o motorista pode ser preso.
Esses limites praticamente inviabilizam ao motorista sair de casa para beber e depois voltar dirigindo. Mas a pesquisa Datafolha aponta que isso não importa. Até os motoristas que costumam beber fora de casa são favoráveis à restrição. A aprovação é maior entre os pesquisados que não bebem (91%) do que entre os que declararam tomar bebidas alcoólicas mesmo que de vez em quando (79%).
A aprovação cresce à medida que a freqüência da bebida fora de casa diminui. Para os entrevistados que disseram beber em bares e restaurantes de 5 a 7 vezes por semana, a aprovação é de 63%, e a reprovação, de 33%. Entre aqueles que bebem fora de casa menos de uma vez por mês, são favoráveis à medida 84% e 16% se declaram contrários à nova lei. Os evangélicos são mais rigorosos: 90% dos evangélicos pentecostais e 91% dos não-pentecostais se dizem favoráveis à lei e 8% são contrários nos dois casos. Entre os católicos, a aprovação é de 85%.
A pesquisa foi realizada quinta e sexta-feira com 1.085 eleitores maiores de 16 anos em São Paulo (margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos) e 812 no Rio (margem de erro de quatro pontos percentuais).
Para 92% dos entrevistados, a lei será boa ou ótima para reduzir o número de acidentes de trânsito e 86% dizem que será boa ou ótima para a cidade. Os mais céticos em relação aos efeitos da lei são justamente os motoristas que costumam beber fora de casa (teoricamente, são esses que admitem dirigir alcoolizados).
Em São Paulo, 29% desses entrevistados declararam que a lei será ruim ou péssima para eles, 68% afirmam que será ótima ou boa para a cidade de um modo geral e 80% admitem que ajudará a reduzir o número de acidentes de trânsito.
No Rio, a "revolta" é um pouco menor: 13% entre os que bebem fora de casa e usam carro acham que, no seu caso pessoal, a lei será ruim ou péssima, 81% aprovam pelo benefício que trará à cidade de um modo geral e 88% dizem que deve cair o número de acidentes. Dados oficiais divulgados na semana passada apontam que houve uma redução do número de mortes nas rodovias estaduais e queda no total de atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito na capital.
No final de semana passado, três dos 16 hospitais da cidade de São Paulo, referências no socorro de acidentados no trânsito, registraram queda de 19% nos atendimentos. Informações da Polícia Rodoviária Estadual dão conta de que houve queda de 45,5% no número de mortos em acidentes nas estradas paulistas no mesmo final de semana. Os dados comparam os finais de semana de 20, 21 e 22 de junho e 27, 28 e 29 de junho.

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