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DANUZA LEÃO
É preciso ir mais longe
Alguém já viu bêbado dizer "por favor, me chame um táxi porque não está dando para eu levar meu carro"?
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TODO O APOIO à lei que pune
motoristas que dirigem após
haverem bebido. Mas existem outras providências que também deveriam ser tomadas e que seriam importantes para evitar que
tragédias aconteçam.
A toda hora se lê nos jornais acidentes que ocorrem, freqüentemente, na madrugada, e freqüentemente
com jovens, quando voltam das baladas.
Sejamos realistas: ninguém espera de um garotão que vai a uma casa
noturna que ele tome um suco. É no
mínimo uma cervejinha, e dependendo do tempo que durar a noite,
três, quatro, cinco. Esses garotos
que freqüentam a noite costumam
ser de classe mais alta, e muitos têm
carro. Têm carro e dificilmente vão
de ônibus para a balada, e sinceramente não conheço nenhum grupo
de jovens que siga o exemplo americano: do grupo, um é escolhido para
não beber e dirigir na volta. Isso, pelo menos por aqui, não existe -pelo
menos eu não conheço, e se alguém
me contar, não acredito. Além disso,
a pessoa que bebe tem a total certeza
de que é capaz de dirigir -e é aí que
mora o perigo. Alguém já viu algum
bêbado dizer "por favor, me chame
um táxi porque não está dando para
eu levar meu carro"? Muito pelo
contrário: já cansei de ver discussões de pessoas em estado de total
embriaguez brigando porque alguém disse que ele não estava em
condições de dirigir.
As boates que esses jovens freqüentam são conhecidas por todo
mundo, sobretudo pelas autoridades. Se houvesse alguns carros de
polícia fazendo uma ronda por esses
locais, poderiam, na hora em que esses freqüentadores estivessem saindo, saber quem passou da conta na
bebida, sem nem ao menos precisar
do bafômetro. Essa vigilância evitaria as blitzes, tantas vezes inúteis,
com os carros da polícia correndo
atrás de quem parece estar dirigindo
perigosamente.
E tem as raves; não consigo entender como elas são permitidas. Alguém aluga um sítio meio fora da cidade, rola o boca a boca e a garotada
vai, já sabendo que vão durar no mínimo 12 horas, mas que podem ir até
24, com um som enlouquecedor; e
depois ainda tem o "after party", já
para uma turma mais seleta, digamos assim. E voltam para casa em
que estado? À custa de que bebida
ou droga conseguiram ficar tantas
horas acordados? E haveria algum
de plantão, sóbrio, para levar a galera para casa?
Esta semana morreu um garoto
de 18 anos que foi a uma casa noturna do Rio com amigos. O acusado é
um policial que fazia a segurança do
filho de uma promotora. E se esse
segurança estava armado, é porque
conhecia o lugar e sabia dos perigos
que lá poderiam ocorrer.
Poucos jovens pensam nos perigos que correm, dirigindo depois de
beber. Mas tenho vários amigos, já
não tão jovens, que agora, quando
saem para jantar fora e sabem que
vão tomar seu vinho ou suas caipirinhas, vão de táxi. No mínimo para
não passar pelo vexame de ver sua
cara estampada no jornal por ter dirigido embriagado.
Vamos lá, autoridades; polícia na
porta das boates, dos barzinhos, nos
lugares onde se vai para beber. E
umas horas na delegacia, até passar
o efeito da bebida, com um bom sermão do delegado, para que tenham
consciência do risco que correm -e
que fazem os outros correr.
danuza.leao@uol.com.br
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