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Patrimônio tomba casa "perdida" de Machado de Assis
Em 1874, o escritor e sua mulher, Carolina, viveram por 11 meses no imóvel, no Rio
O sobrado, localizado na Lapa (região central), era dado como demolido; série de mudanças na numeração da rua dificultou localização
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O sobrado na rua da Lapa
(centro do Rio) em que Machado de Assis e a sua mulher Carolina viveram por 11 meses no
ano de 1874 foi tombado provisoriamente, na última quarta-feira, pela Prefeitura do Rio.
"O tombamento dessa casa
em particular foi uma solicitação da ABL (Academia Brasileira de Letras), já que neste ano
se comemora o centenário da
morte do escritor", afirma o secretário municipal do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural, André Zambelli.
O tombamento definitivo deve acontecer quando a Secretaria do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural localizar
as outras seis casas onde Machado morou ao longo de sua
vida, afirma a prefeitura. No
momento, pesquisas estão sendo realizadas nos bairros do
Catete, Laranjeiras e Centro
para tentar identificar os imóveis do escritor.
Pensava-se que esta casa havia sido demolida, mas, a partir
do que se discutiu em uma sessão da academia em agosto deste ano, pesquisadores foram a
campo e descobriram que a casa permanecia em pé, no número 264 da rua da Lapa. Na época
em que o escritor ocupou o
imóvel, o número era 94.
"Ocorreram quatro mudanças de numeração nas ruas do
Rio entre 1875 e 1959", diz
Zambelli. Com as alterações, os
pesquisadores encontraram dificuldades para confirmar qual
foi a casa em que Machado realmente morou.
Pelo projeto do Corredor
Cultural, o sobrado já estava
tombado desde 1984. Agora,
adquire relevância cultural.
"A motivação [para o tombamento] não é exatamente pela
qualidade da casa, mas muito
mais pelo ilustre morador que
passou um determinado período naquele endereço", afirma
Zambelli.
"Machado não chegou a morar um ano nessa casa, mas é
importante [o tombamento]
porque a obra de Machado fala
muito da cidade e aí as pessoas
podem fazer essa ligação entre
os lugares onde ele residiu. Esses lugares provavelmente influenciaram muito as cenas e os
cenários que ele descreve, e as
suas obras."
De acordo com o presidente
da ABL, Cícero Sandroni, o livro "A Mão e a Luva" (1874) foi
concebido no sobrado da rua da
Lapa. Trata-se do segundo romance publicado por Machado
e está inserido na fase romântica do escritor.
Centro cultural
Aprovado o tombamento, a
ABL tem planos de transformar o espaço em um centro
cultural em parceria com a prefeitura. "Esta providência inicial do prefeito [Cesar Maia]
inaugura uma série de medidas
que serão conjuntamente tomadas para, em médio prazo,
transformar aquele imóvel
num centro irradiador de conhecimento e numa oficina de
formação de escritores brasileiros", diz Sandroni.
Embora o sobrado esteja mal
conservado, com pintura envelhecida e pichações, a estrutura
da casa não está comprometida. "A fachada está necessitando de obras, mas a construção
não se encontra em um estado
crítico, não oferece risco", afirma Zambelli.
Atualmente, a casa de 17 cômodos é habitada por diversas
famílias. Os ocupantes não sabem quem é o proprietário do
imóvel e a prefeitura ainda não
conseguiu localizá-lo.
De acordo com o secretário,
não há planos para fazer reformas no sobrado.
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