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Na Alemanha, bares criam clubes de fumantes
RENATE KRIEGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BONN
Entre agosto de 2007 e julho
deste ano, todas as 16 regiões
(Estados federados) da Alemanha adotaram leis antitabagistas de maneira progressiva, seguindo a determinação de uma
lei nacional, a de "proteção aos
não-fumantes". Mas a entrada
em vigor dos dispositivos contra o cigarro ainda divide o país
-especialmente no setor da
gastronomia, cuja legislação é
de responsabilidade estadual.
No mês passado, a Corte
Constitucional julgou que a lei
antitabagista da Bavária -a
mais severa do país e único veto
total ao cigarro- não fere a lei
fundamental alemã. O tribunal
de Karlsruhe, que avalia a conformidade das leis com a Constituição, acha que a proibição
sem exceções é justa com donos de bares, restaurantes e
discotecas. "Os pequenos bares
de apenas uma sala não poderiam concorrer sem áreas só
para fumantes", disse à Folha
um porta-voz da divisão antidrogas do Bundestag (Câmara
dos Deputados alemã).
Em julho, os juízes de Karlsruhe julgaram inconstitucionais os textos das regiões de
Berlim e de Baden-Württemberg (sudoeste da Alemanha).
Eles previam exceções para
restaurantes maiores, que podiam instalar áreas separadas
para fumantes. Os dois Estados
têm até o fim de 2009 para elaborar novas leis.
Competência estadual
Desde 2006, a Alemanha redesenhou algumas competências legislativas. No caso da lei
antitabagista, o governo federal
aplica a proibição em repartições públicas, meios de transporte, estações de trem, metrô,
portos e aeroportos. Nesses locais, é permitido reservar ambientes para fumantes.
O dispositivo nacional também modificou a lei de proteção ao menor para evitar que os
mais jovens comecem a fumar.
Desde setembro de 2007, menores de 16 não podem fumar
em público.
Apenas os maiores de 18 podem comprar cigarros. Nas máquinas, o consumidor insere
um cartão de banco para comprovar a idade.
Devido às diferenças culturais, são os Estados que decidem sobre a proibição de fumar
no setor gastronômico e em
eventos parcialmente fechados, como a Oktoberfest. Em
2009, e pela primeira vez em
200 anos de existência, a festa
mais conhecida da Alemanha
deverá ser sem fumaça.
Clube de fumantes
O departamento federal de
estatísticas afirma que bares e
discotecas nos Estados onde já
valiam proibições perderam
14% das receitas no último trimestre de 2007 (contra queda
de 8,8% nas regiões sem interdição).
Por ora, a alternativa são os
chamados "clubes de fumantes". Bares e restaurantes
criam grupos fechados de
clientes que decidem fumar
num determinado local.
Mesmo não-fumantes assinam uma lista e se declaram
membros do clube. Os clubes
maiores costumam separar os
fumantes dos não-fumantes.
O tribunal de Karlsruhe permite os clubes, alegando que
todos os estabelecimentos
-bares de esquina, de narguilé
ou discotecas- podem ter a
oportunidade de contornar a
legislação.
Na Bavária, já há 2.000 clubes de fumantes -dos 8.000
estabelecimentos da capital
Munique, 800 são associações
fechadas.
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