ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem sua câmera e o celular na cintura, Luiz Carlos Sanches Varella, o Carlito, não saía de casa, em Ribeirão Bonito, cidade a 263 km de SP.
Pelas bandas do sítio que tinha na região desde os anos 80, fotografava o que via pela frente. Se mudava algo na propriedade, por exemplo, enviava fotos para o filho.
A mania era antiga. Quando um de seus meninos tinha sete anos, ele dava um nó na correia da Yashica e a pendurava no pescoço do moleque. Juca, o filho, cresceu e se tornou fotógrafo profissional.
A vida de Carlito foi o sítio em Ribeirão, onde nasceu.
Por um tempo, viveu fora -foi professor de matemática, secretário e diretor de escola pública em São Paulo.
De 1975 a 1999, quando se aposentou, trabalhou como agente fiscal de renda. Aí, voltou para sua terra natal.
Em 2001, elegeu-se vereador e presidiu a comissão que resultou na cassação do prefeito, por corrupção. Carlito foi um dos fundadores da Amarribo, associação de amigos da cidade que ficou famosa por sua mobilização. Tentou ser prefeito, mas se decepcionou com a política.
"Pilhado", preparava uma área para lavoura orgânica no sítio. Lá, realizava encontros da família Sanches.
Na segunda, sozinho em casa, morreu aos 72, após parada cardiorrespiratória. Foi achado com o telefone na mão -a família acha que ele tentava pedir ajudar. Deixa viúva, dois filhos e cinco netos. A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, em Ribeirão.

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