São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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A cada ano, 30% dos empregados fazem teste toxicológico; programa da empresa é considerado modelo

Embraer trata até parente de funcionário

DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A Embraer possui um programa de prevenção e tratamento de dependência química considerado modelo no país. Além de bancar os custos do tratamento do funcionário usuário de drogas, a empresa estende o benefício a familiares do empregado que sejam dependentes químicos.
O programa existe desde 1984 e, a partir de 2000, passou a incluir também a realização dos testes toxicológicos. Todos os anos, 30% dos quase 13 mil funcionários passam pelos exames.
Os co-dependentes dos empregados também passam pelos testes toxicológicos antes de receber tratamento. No ano passado, das 5.045 análises realizadas, 1.582 foram de familiares.
Do total de testes, houve 62 casos positivos. As drogas mais comuns eram maconha e anfetaminas. Trinta funcionários ou familiares foram internados.
Segundo Júlio Franco, diretor de recursos humanos da Embraer, a empresa gastou R$ 425 mil com o programa em 2003. O investimento vale a pena, diz o diretor. Nos últimos três anos, houve uma queda de 58% nas faltas ao trabalho.
"É um programa que visa promover a saúde, a qualidade de vida dos funcionários", afirma Franco. De acordo com ele, os testes só foram implantados após anos de diálogo e palestras envolvendo funcionários, familiares e sindicatos.
Essa transparência, acredita Franco, levou os funcionários a acreditar que o objetivo do exame era oferecer ajuda, e não punição. Ele afirma que, desde a implantação dos testes, ninguém foi demitido por ser usuário de droga.
Além das internações, 18 empregados passaram por tratamentos psicoterápicos e outros 663, por orientações psicossociais.
Segundo o grupo multidisciplinar que dirige o programa, 20% dos tratamentos são de funcionários voluntários. Na primeira internação, a Embraer paga 90% dos custos e, em casos de reincidência, 50%. O índice de recuperação, afirma o diretor, é de 85%.
De acordo com Silze Morgado, 44, coordenadora do centro de dependência química de Vila Serena, funcionários encaminhados por empresas têm mais chances de recuperação por se sentir "sob cuidados" da empresa.
"Eles sabem que não estão sozinhos", diz. Além de tratamento, a Vila Serena presta consultoria na área de dependência química para quase 500 empresas, inclusive a Embraer. (CLÁUDIA COLLUCCI)


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