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Notificações de dengue são recorde
Levantamento de registros (que inclui casos ainda não confirmados) aponta para pior ano da doença no país
Um dos Estados que puxam o número para cima é SP, que bateu recorde de casos (121 mil) e mortes (com 98)
MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO
O número de notificações
de dengue neste ano já é recorde na história do país.
Em pouco mais de seis meses, foram 830 mil notificações (entre casos confirmados e que ainda não foram
confirmados), mais do que o
recorde anterior, de 2008,
quando foram feitos 806 mil
registros.
Os dados foram levantados pela Folha junto aos governos estaduais e apontam
para o pior ano da doença no
país, onde a dengue voltou a
se espalhar na década de
1980 após praticamente 60
anos de trégua.
Nem todos os casos notificados pelas secretarias de
saúde se confirmam após investigação da doença, mas o
governo federal já reconhece
a gravidade do cenário.
"Estamos sem dúvida em
um dos piores anos", admite
o coordenador do Programa
Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho.
São 321 mortes no país.
SP E MG
Um dos Estados que puxam o número para cima é
São Paulo, que bateu recorde
de casos, com 121 mil, e mortes, com 98. Cidades como
Guarujá, no litoral, levantaram tendas para atender apenas pacientes de dengue.
A situação também é ruim
em Rondônia, Paraná e Minas Gerais, que é a líder de
notificações (203 mil).
Em Formiga (MG), a prefeitura ofereceu feijão em troca
de entulhos onde o mosquito
Aedes aegypti poderia colocar seus ovos.
Segundo Giovanini Coelho, os Estados com mais casos têm em comum o reaparecimento de um dos três tipos de dengue, que atingem
a população que não tem
imunidade para combatê-lo.
O Ministério da Saúde diz
que o investimento é crescente e que destinou, em
2009, R$ 1,02 bilhão para
combater doenças, prioritariamente a dengue.
O governo de SP diz investir R$ 40 milhões por ano no
combate à dengue.
PIOR COM AS CHUVAS
Estados do Nordeste devem inflar ainda mais o número de notificações neste
ano, já que vivem agora seu
período mais chuvoso, de
maior incidência da doença.
Em São Paulo, as chuvas
em volume atípico no início
do ano podem ter influído.
Para o infectologista Celso
Granato, chefe do setor de virologia da Unifesp, as causas
vão bem além dos temporais.
"Tanto alguns governantes
como a população parecem
se preocupar de verdade
quando o pior já acontece",
afirma Granato.
Colaborou RICARDO WESTIN
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