São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2010

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Notificações de dengue são recorde

Levantamento de registros (que inclui casos ainda não confirmados) aponta para pior ano da doença no país

Um dos Estados que puxam o número para cima é SP, que bateu recorde de casos (121 mil) e mortes (com 98)


MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO

O número de notificações de dengue neste ano já é recorde na história do país. Em pouco mais de seis meses, foram 830 mil notificações (entre casos confirmados e que ainda não foram confirmados), mais do que o recorde anterior, de 2008, quando foram feitos 806 mil registros.
Os dados foram levantados pela Folha junto aos governos estaduais e apontam para o pior ano da doença no país, onde a dengue voltou a se espalhar na década de 1980 após praticamente 60 anos de trégua.
Nem todos os casos notificados pelas secretarias de saúde se confirmam após investigação da doença, mas o governo federal já reconhece a gravidade do cenário.
"Estamos sem dúvida em um dos piores anos", admite o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho. São 321 mortes no país.

SP E MG
Um dos Estados que puxam o número para cima é São Paulo, que bateu recorde de casos, com 121 mil, e mortes, com 98. Cidades como Guarujá, no litoral, levantaram tendas para atender apenas pacientes de dengue. A situação também é ruim em Rondônia, Paraná e Minas Gerais, que é a líder de notificações (203 mil).
Em Formiga (MG), a prefeitura ofereceu feijão em troca de entulhos onde o mosquito Aedes aegypti poderia colocar seus ovos. Segundo Giovanini Coelho, os Estados com mais casos têm em comum o reaparecimento de um dos três tipos de dengue, que atingem a população que não tem imunidade para combatê-lo.
O Ministério da Saúde diz que o investimento é crescente e que destinou, em 2009, R$ 1,02 bilhão para combater doenças, prioritariamente a dengue. O governo de SP diz investir R$ 40 milhões por ano no combate à dengue.

PIOR COM AS CHUVAS
Estados do Nordeste devem inflar ainda mais o número de notificações neste ano, já que vivem agora seu período mais chuvoso, de maior incidência da doença. Em São Paulo, as chuvas em volume atípico no início do ano podem ter influído.
Para o infectologista Celso Granato, chefe do setor de virologia da Unifesp, as causas vão bem além dos temporais. "Tanto alguns governantes como a população parecem se preocupar de verdade quando o pior já acontece", afirma Granato.

Colaborou RICARDO WESTIN



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