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SAÚDE
A Sociedade Brasileira de Imunizações desenvolveu um cronograma específico para esse público
Adulto ignora calendário de vacinas
BERTA MARCHIORI
DA REDAÇÃO
Pergunte para uma pessoa com
mais de 20 anos se ela se lembra
da última vez que tomou uma vacina -sem contar as antigripais,
muito propagadas ultimamente.
Ela dificilmente saberá responder
com precisão. No Brasil, adultos
pensam que vacina é coisa de
criança ou de idoso e ignoram a
própria imunização.
Com o intuito de ampliar a cultura de imunização ativa para
adolescentes e adultos, a Sociedade Brasileira de Imunizações, presidida pelo infectologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo Vicente Amato Neto, 75,
desenvolveu um calendário de vacinação para esse público.
Nenhuma doença é exclusiva de
uma faixa etária. Da mesma maneira que se tem o cuidado de
imunizar crianças para protegê-las de possíveis enfermidades, os
adultos devem manter sua carteira de vacinação atualizada.
A hepatite B, por exemplo,
doença que pode ser evitada com
a vacinação, teve pelo menos
6.700 novos casos confirmados,
em pessoas com idade acima de
dez anos, segundo o Anuário Estatístico de Saúde do Brasil 2001,
do ministério.
A doença viral, que é transmitida também por via sexual, afeta
cerca de 400 milhões de pessoas
em todo o mundo, segundo estimativa da Organização Mundial
da Saúde. O vírus acomete preferencialmente indivíduos na faixa
de 20 a 40 anos.
Outra doença à qual se deve
prestar atenção é o tétano. Apesar
de não ser muito comum, principalmente em áreas mais desenvolvidas, tem alta taxa de letalidade. Helena Keico Sato, 45, pediatra da divisão de imunização do
Centro de Vigilância Epidemiológica, ressalta a importância da vacinação antitétano em gestantes, a
fim de evitar o tétano neonatal,
moléstia ainda preocupante nas
regiões Norte e Nordeste.
Para especialistas, as pessoas
devem ter em mente que vírus e
bactérias, responsáveis na história por epidemias que mataram
milhares em todo o mundo, podem ser tão perigosos quanto outros agentes não-biológicos.
Além de colaborar para a possível eliminação da doença, como
ocorreu com a varíola, erradicada
em 1980, a imunização ativa é certamente a maneira mais eficaz de
prevenir doenças infecciosas.
Manter todas as vacinas em dia
não é uma tarefa fácil. Na rede pública brasileira, algumas vacinas
estão disponíveis, porém apenas
para grupos específicos, considerados mais suscetíveis às infecções. Mesmo assim, as vacinas
-que podem ser compradas e tomadas em clínicas privadas- são
recomendadas a todos.
Além disso, o Programa Nacional de Imunização, que instituiu o
calendário infantil, surgiu recentemente, no início da década de
70. Isso significa que quem já passou dos 30 anos pode não ter tomado algumas vacinas dadas
atualmente para crianças.
A imunização ativa, que acontece a partir da injeção de partículas
do vírus ou da bactéria, cria no organismo uma "memória", temporária ou duradoura, de produção do anticorpo específico para
aquele antígeno (resposta imunológica). Essa "memória" será ativada se a pessoa tiver a doença,
explica a infectologista Melissa
Mascheretti, 28, médica-assistente do Ambulatório dos Viajantes e
do Centro de Imunização do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP.
Essas partículas do antígeno podem ser inativadas, atenuadas ou
mortas; são capazes de produzir
no corpo uma resposta de defesa,
mas não de provocar a doença.
Atualmente, já são desenvolvidas vacinas por engenharia genética, que utiliza uma proteína isolada do antígeno. No Brasil, a única fabricada por esse método é a
da hepatite B. Antes, afirma Isaias
Raw, 77, presidente da Fundação
Butantan, essa vacina era feita a
partir do sangue de um doente, o
que a tornava mais cara, mais difícil e mais perigosa. Hoje, feita por
engenharia genética, é produzida
por menos de US$ 1 (três doses).
Apesar de o país ter o maior
produtor de vacinas da América
Latina (o Butantan), a fabricação
de algumas delas ainda depende
de componentes importados de
outros países, o que aumenta o
custo. Pelo menos no caso da vacina contra gripe esse quadro deve mudar com a inauguração de
uma fábrica no final de 2004.
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