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Curso da PUC une cinema e direito
Aulas começam no dia 16; estudantes verão filmes para discutir como questões jurídicas aparecem na ficção
O curso de extensão terá docentes de várias áreas; debates trarão temas como tribunal do júri, liberdade de expressão e pena de morte
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora, só falta a pipoca. A sala
de aula dará lugar a um auditório e as carteiras, a poltronas
acolchoadas. Inspirada no interesse que o cinema desperta, a
PUC-SP, uma das principais
universidades da cidade, criou
um curso que pretende unir o
mundo jurídico ao cinematográfico. A idéia é ver como o direito aparece na ficção.
O curso de extensão universitária é voltado para profissionais do direito, comunicação
social e ciências sociais.
"O uso do cinema como recurso didático é corriqueiro,
mas um curso de especialização com esse enfoque é inédito", afirma Cláudio José Langroiva Pereira, coordenador do
curso recém-criado.
As inscrições para as aulas,
que começam no próximo dia
16, ainda estão abertas.
Os alunos assistirão a trechos
de filmes com enredo relacionado ao direito. Os longas servirão de estímulo para os debates, que abordarão tópicos como segurança pública, erro judiciário, julgamento, tribunal
do júri, liberdade de expressão,
pena de morte, racismo, poder
judiciário brasileiro e também
direitos humanos.
Questões éticas
"Outro aspecto que o cinema
impõe ao público são os questionamentos éticos", diz Antônio Carlos Malheiros, desembargador e docente da PUC-SP.
"No filme "Justiça para Todos", por exemplo, o personagem vivido pelo [ator] Al Pacino é um advogado idealista, que
defende um juiz acusado de estupro. Por [ser] um drama de
consciência, ele entrega o próprio cliente no julgamento. Eu
me recordo que o [público do]
cinema aplaudiu a cena. Mas isso é uma tragédia. O advogado
pode desistir de fazer a defesa
de um cliente, mas não pode
traí-lo em pleno julgamento",
analisa Malheiros, que tem em
casa mais de 3.000 títulos de
DVDs. "Sou um verdadeiro
aficcionado por cinema."
"Mais do que entretenimento, o cinema é um recurso pedagógico muito útil. Ensinar o
conteúdo assim fica mais
atraente", afirma Arnaldo Godoy, professor de direito da
Universidade Católica de Brasília e do Iesb (Instituto de
Educação Superior de Brasília).
Segundo o coordenador do
curso da PUC, a intenção é mais
debater as situações do direito
encontradas no filmes do que
apontar erros. "As imprecisões
são cada vez menos freqüentes", afirma Langroiva Pereira.
Para a produtora de cinema
Mariza Leão, manter-se fiel à
realidade em obras não-ficcionais é importante para dar veracidade ao enredo.
O filme mais recente produzido por ela foi "Meu Nome
Não é Johnny", um dos que serão usados pela PUC-SP.
"Comprei os direitos autorais
do livro homônimo, li o processo do caso, com 600 páginas, e
escrevi 14 versões para o roteiro", conta. Para evitar incorreções, ela teve ao seu lado uma
equipe de consultores jurídicos. "É importante, inclusive,
para saber como posicionar os
atores nas cenas de tribunal."
O corpo docente do curso
oferecido pela PUC será interdisciplinar e envolverá professores de direito, comunicação
social, psicologia, educação e
economia, entre outros.
A carga horária de 96 horas
será distribuída em duas aulas
por semana, com quatro horas
cada uma, por três meses. O valor total do curso é de R$ 3.512.
À vista, fica em R$ 3.372.
A PUC-SP pretende que essa
extensão vire um dos módulos
do curso de especialização em
direito e comunicação social
que deve começar a ser oferecido no ano que vem. Os créditos
da extensão serão computados.
Serviço: "Direito e Cinema: A Imagem do Direito na Ficção", Cogeae/
PUC-SP, r. da Consolação, 881; 0/
xx/11/3670-3300; www.pucsp.br/cogeae ou infocogeae@pucsp.br.
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