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CLIMA
Móveis e roupas começam a ser distribuídos em Aricanduva, na zona leste de SP
Vítimas de chuvas recebem doações
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores atingidos pelas enchentes na região de Aricanduva,
zona leste, começaram a receber
ontem doações de móveis, eletrodomésticos e roupas. A distribuição, organizada pela subprefeitura, começou pela rua Ganges, onde, na quinta-feira, a prefeita
Marta Suplicy foi hostilizada por
alguns moradores, que atiraram
lama contra ela, sem, porém,
acertá-la.
O subprefeito Eduardo Uyeta
disse que os próprios moradores
definiram o que cada um receberia, uma vez que as doações não
são suficientes para atender as necessidades de todos os que tiveram prejuízos.
Durante o dia de ontem, as doações não paravam de chegar à
subprefeitura. A contabilidade
inicial dava conta de que haviam
sido doados por redes de lojas e
empresários da região 10 geladeiras, 100 fogões, 27 jogos de panelas e 60 colchões, além de armários de cozinha, sofás e cadeiras. O
programa SOS Cidade foi lançado
pela prefeita na quinta-feira para
arrecadar doações às vítimas.
Samara de Souza Bastos, 21, era
uma das moradoras que ajudavam a organizar a distribuição.
Ela mora no bairro há 17 anos e
disse que jamais tinha visto uma
enchente como a que ocorreu.
"Na minha casa só tenho uma estante, um guarda-roupas e uma
cama." Ela esperava receber um
jogo de sofás.
O técnico em eletrônica José
Roberto Del Giudice, 46 anos
completados no dia 5, dia da enchente, mostrava a marca da água
que atingiu a janela de sua casa.
"Tive de jogar tudo fora. Estamos
dormindo no chão." Como Bastos, ele também optou por receber um sofá.
Já o mecânico aposentado Valdir Pereira, 52, que há 20 anos
mora na rua Ganges, estava mais
interessado em consertar o freezer, a máquina de lavar roupas e a
geladeira, cuja garantia vence na
próxima semana. "Eu não preciso
de nada novo, mas gostaria muito
que a fábrica consertasse o motor
da geladeira, já que ainda está na
garantia."
Pereira foi um dos que presenciaram a visita de Marta Suplicy à
rua, na quinta-feira. "Fiquei envergonhado com o que fizeram",
afirmou. "Onde já se viu jogar lama na prefeita?"
Porém, nem todos estavam
conformados com a situação. Um
homem que não se identificou
criticava a ação da prefeitura.
"Não queremos doação de eletrodomésticos, queremos que o problema seja solucionado." O subprefeito disse que identificou as
pessoas que agrediram a prefeita.
"São os mesmos que agora querem inviabilizar nosso trabalho."
A partir desta segunda-feira, a
população poderá trocar alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores e colchões por um ingresso
para assistir ao desfile das escolas
campeãs do Carnaval de São Paulo, dia 27, ou para apresentação
do grupo de acesso, dia 22. Haverá um limite de 10 ingressos por
pessoa. Quem levar quatro quilos
de alimentos, por exemplo, terá
direito a dois ingressos para o
grupo de acesso e dois para o desfile das campeãs. O Anhembi colocará 30 mil ingressos (nos dois
dias de desfiles) destinados à troca por doações.
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